"Com exceção de 2020, este é o primeiro trimestre com o maior nível de atividade dos últimos sete anos", quase triplicando face aos 234 milhões de euros investidos no período homólogo do ano anterior, aponta o relatório, que acompanha a atividade de investimento, ocupação e transação do mercado imobiliário nos segmentos comerciais e residencial.

Este volume de 625 milhões de euros transacionados em imobiliário comercial representa um crescimento de 167% face ao primeiro trimestre de 2024 e de 160% face à média do primeiro trimestre dos últimos três anos.

Segundo a JLL, o segmento de retalho foi "o motor do investimento" neste trimestre, com 57% do montante transacionado, evidenciando-se ainda neste período a "forte presença dos investidores nacionais", que geraram 40% do capital transacionado, bastante acima do "habitual padrão" de cerca de 20%.

Já os mercados ocupacionais, retalho e hotelaria continuaram robustos, enquanto os segmentos de escritórios e industrial registaram uma quebra na absorção.

Quanto ao segmento residencial, "alinha com o desempenho do investimento comercial, mantendo uma curva ascendente de preços e vendas".

De acordo com o relatório da JLL, a ocupação de escritórios esteve "sob forte pressão "nos primeiros quatro meses do ano, caindo 45% em Lisboa (para apenas 54.000 m2) e 80% no Porto (para meros 4.500 m2).

"Sendo claro que a comparação é feita face a um 2024 especialmente forte, a quebra na atividade reflete também este impacto do adiamento de decisões das empresas, agravado pela falta de oferta moderna e adequada aos requisitos especialmente em termos de sustentabilidade, o que restringe naturalmente o volume de área ocupada", refere.

Em termos ocupacionais, o imobiliário industrial foi outro segmento também pressionado neste trimestre, registando uma quebra de 48% para 84.000 m2 ocupados, embora neste caso se trate de um resultado "limitado apenas pela falta de oferta disponível".

A JLL destaca ainda os "níveis robustos de desempenho" dos mercados de retalho e hotelaria, cujos ativos, em conjunto, agregaram 80% do volume de investimento captado no primeiro trimestre.

O relatório da consultora assinala ainda o crescimento do mercado residencial, que "continua a atingir novos patamares de preço" e "a dar continuidade à retoma das vendas".

"No início do ano, os preços das casas em Portugal registaram um dos crescimentos trimestrais mais acentuados em quase 20 anos, de 6,6%, impulsionado pelo estímulo da procura num contexto de escassez de oferta e redução das taxas de juro", destaca o relatório.

Para os próximos meses, a 'head of research' da JLL Portugal defende que "o mercado imobiliário vai beneficiar da possível estabilização do quadro político, com a tomada de posse do novo Governo", prevendo-se que "as condições macroeconómicas devem manter-se na mesma linha, com a continuidade da política de corte nas taxas de juro e controlo de inflação".

"Por isso, embora tenhamos de ter em conta o potencial efeito do fim da moratória nas tarifas impostas pelos EUA, o investimento tem condições para manter uma trajetória positiva, até porque, em momentos de maior volatilidade, os ativos reais como o imobiliário são naturalmente ativos de refúgio", afirma Andreia Almeida.

Na habitação, a JLL não antecipa "alterações de fundo" na relação da procura e da oferta: "Ou seja, nem se espera que a procura vá abrandar nem que a oferta vá disparar num curto prazo, pelo que vamos continuar a ter de lidar com um mercado com preços a subir", refere a responsável.

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