O tiro de partida no frente-a-frente com Inês Sousa Real (PAN) não agradou a Nuno Melo (AD). Onde está o candidato a primeiro-ministro Luís Montenegro? “Quem está aqui sou eu, líder de um partido que faz parte da coligação”, disse o centrista, mas não convenceu a adversária que classificou de “ato de cobardia” a ausência de Montenegro.

“Pode fugir dos debates, mas não se consegue esconder da avaliação dos portugueses”, avisou Inês Sousa Real, que admite ser "difícil" apoiar um Governo de Luís Montenegro.

Mas mais do que debater sobre o ‘ausente no estúdio’, importava falar das políticas do governação da AD que para Nuno Melo são, repetiu, um sucesso: “Temos muito orgulho do que conseguimos em 11 meses e dos problemas que resolvemos".

“Foram feitas promessas há um ano e os resultados superaram todas as expectativas. Os profetas da desgraça foram confrontados com bons resultados que contrariam as previsões: o primeiro-ministro é o mesmo, o ministro das Finanças é o mesmo, se nos deram quatro anos faremos muito mais”

O que não faltou também foi a referência aos acordos de “valorização de 19 carreiras”, acrescentando o centrista que “conseguimos acabar com o sonho de qualquer esquerdista, que é aquela coisa da perturbação social permanente na rua. Hoje os professores estão nas escolas a ensinar, não na rua. A rua está tranquila porque a AD e o Governo descomprimiram a sociedade”.

Habitação, defesa e troca de acusações

O tema presente em todos os debates rumo a 18 de maio não faltou no frente-a-frente na SIC, moderado por Clara de Sousa. Se para “alguma esquerda” quer resolver a crise na habitação com uma proposta da “era do professor Oliveira Salazar", com a limitação às rendas, a líder do PAN defendeu que nesta crise os dois grandes partidos são culpados.

PS e PSD são iguais, prometem muito e executam pouco”, contestou, dizendo ser preciso garantir programas com regime bonificado para os mais jovens, que as autarquias disponibilizem habitação pública a preços acessíveis e créditos de proximidade, por exemplo.

"Tem de existir uma visão diferente de sociedade da que tem existido até aqui", vincou Sousa Real, seja no que toca à Habitação, seja no Emprego e na Imigração. E a propósito, deste último tema, acusou a AD de criar “falsas perceções”, defendendo o anterior mecanismo da manifestação de interesses.

Uma “agenda do medo”, trazida pelo Chega - e ao lado de quem, disse a líder do PAN, se colocou o primeiro-ministro, ignorando que o pior problema de criminalidade no país não está relacionado com a imigração, mas, sim, com "a violência doméstica". Mais, acrescentou, com a falta de mão-de-obra em Portugal, não se pode ignorar o “contributo positivo dos imigrantes”.

Na resposta, Nuno Melo usou a mesma tática e colou o PAN a uma visão extremista: "Os extremismos estão nos seus opostos exatamente no PAN, em que vem toda a gente, e no Chega, em que não entra ninguém. Na AD queremos fluxos migratórios controlados, para que possamos, integrando-os, dar-lhes o mesmo de quem é português.

“O que a senhora deputada tem para dar são ilusões, a rua, a exploração, isso não é humanismo é uma profunda crueldade”

Já em matéria de Defesa, Sousa Real defendeu que Portugal tem vocação para a formação e missões humanitárias, e não para ser competitivo na indústria do armamento. O que levou o líder do CDS e ministro da Defesa a ironizar se "o país deve passar a bola aos grandes".

"São os outros que nos vão defender? E se os nossos militares tiverem de combater, vão combater com quê?", questionou, defendendo que as indústrias de defesa podem ser "uma oportunidade" económica.

“Chacina e barbárie”

E no final dos 30 minutos de debate, a líder do PAN recuperou o trunfo das touradas e da caça, insistindo que não se pode confundir cultura com um espetáculo de maus-tratos.

“A maioria dos portugueses não concordam com as touradas nem que sejam financiadas com dinheiros públicos como faz o Governo da AD. (…) Andamos na chacina e na barbárie, a disparar contra tudo o que mexe"

Na resposta e assegurando que gosta “muito de animais”, Nuno Melo disse que não é “um ditador de consciências”, pelo que não tenciona “impor aos outros o meu modelo de vida”, tal como, não aceitará o modelo de vida do PAN: sou omnívoro e tenciono continuar".

Coube a Inês Sousa Real o fecho do debate e fê-lo com um apelo ao voto, para que o PAN volte a conseguir ter um grupo parlamentar.