
A fase Delta dos incêndios, a mais crítica, que se vai iniciar dia 1 de julho e terminará em 30 de setembro, será enfrentada com menos cinco aeronaves do que os considerados necessários no Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) para este ano.
Segundo a Lusa, o DECIR previa 79 aeronaves mas faltam garantir cinco - sendo que a partir do dia 1 Portugal poderá contar com uma parelha de aviões médios anfíbios Fire Boss, no âmbito do mecanismo da UE de Proteção Civil (rescEU), os quais atuarão sempre que as capacidades de resposta nacionais se revelarem insuficientes. Estes meios envolvem um investimento de cerca de 2,6 milhões de euros, financiados a 75% pela Comissão Europeia, e permitem um reforço das capacidades no combate aéreo a incêndios rurais.
Esta carência ficou exposta depois de o presidente da Câmara de Arcos de Valdevez se ter afirmado preocupado com a deslocalização de um helicóptero do heliporto local para Portalegre. “Reagimos com alguma pena. Mas sabemos também que há outras áreas do país que estão sem cobertura de meios aéreos [para combate a incêndios] e obviamente que temos de ser solidários uns com os outros”, afirmou Olegário Gonçalves (PSD). "Estou preocupado, mas devido às circunstâncias temos de ser solidários. Também nos foi dada a garantia que se acontecer alguma coisa de anormal no distrito irão tomar medidas para termos mais meios de proteção."
O secretário de Estado da Proteção Civil, Rui Rocha, reconheceu quarta-feira, durante uma visita à Base de Apoio Logístico de Castelo Branco, que a deslocação do helicóptero de Arcos de Valdevez para Portalegre resulta precisamente da falta ainda de cinco aeronaves.
“Temos tido dificuldades que decorrem de situações que nos ultrapassam, designadamente o concurso da Força Aérea que ficou deserto e nos impossibilita de, no curto prazo, ter todos os meios disponíveis que gostaríamos de ter”, afirmou.
O presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil do Distrito de Viana do Castelo, Vítor Paulo Pereira (PS), disse que a deslocalização de um helicóptero do heliporto de Arcos de Valdevez para Portalegre deixa a região “refém da sorte e da meteorologia”.
Contactado pela agência Lusa, considerou a decisão “muito nefasta" já que o relevo do Alto Minho é "muito montanhoso" pelo que "só os meios aéreos permitem um combate mais eficaz”. Segundo acrescentou, o distrito irá ficar "numa situação de maior fragilidade por ser um dos que no país tem menos bombeiros disponíveis”.
“Isto nem é uma questão de estar a fazer política. É uma questão de salvaguardar a população e de evitar todas as consequências negativas de grandes incêndios que são uma ameaça latente todos os verões. Com menos um helicóptero a situação torna-se mais difícil”, sustentou.