
"Sobre os atos de antissemitismo a que assistimos no fim de semana, especificamente o terrível ataque violento em Boulder, no Colorado, e os atos de vandalismo em França contra monumentos judaicos, posso dizer que o secretário-geral condena veementemente estes atos", afirmou o porta-voz de Guterres, Stéphane Dujarric, em comunicado.
A ONU posiciona-se firmemente contra todas as formas de antissemitismo, assim como contra todas as outras manifestações de extremismo e qualquer incitamento ao ódio religioso e à violência, sublinhou Dujarric, acrescentando que Guterres "pede uma ação rápida para responsabilizar" os autores dos ataques.
No domingo, um homem armado com um lança-chamas improvisado e outros dispositivos incendiários perpetrou um ataque contra manifestantes no Colorado que pediam a libertação dos reféns israelitas em Gaza, causando oito feridos.
O suspeito, identificado pelo FBI (polícia federal norte-americana) como Mohamed Sabry Soliman, de 45 anos, gritou "Libertem a Palestina" no momento do ataque, relatou o agente especial Mark Michalek, citado pelas agências internacionais.
"Em resultado destes factos preliminares, é evidente que se tratou de um ato de violência deliberado; o FBI está a investigá-lo como um ato terrorista", declarou Michalek.
Na sequência, o Presidente norte-americano, Donald Trump, condenou o "ataque horrível", sublinhando que tal incidente "não é tolerável nos Estados Unidos".
O ataque de domingo ocorre menos de duas semanas depois do homicídio de dois funcionários da embaixada israelita em Washington por um jovem que também manifestou apoio à Palestina depois de abrir fogo contra as vítimas.
O autor do crime foi identificado como Elias Rodriguez, de 30 anos, natural de Chicago, que expressou num manifesto a rejeição do apoio dos Estados Unidos a Israel e a frustração com a guerra na Faixa de Gaza.
Além disso, também o Memorial do Holocausto de Paris, três sinagogas e um restaurante foram pintados com tinta verde, durante a madrugada de sábado.
As sinagogas Tournelles e Agoudas Hakehilos, o memorial da 'Shoah' e a fachada do restaurante "Chez Marianne", todos no centro da capital francesa, foram grafitados, mas nenhuma mensagem ou reivindicação foi ainda feita.
"Houve muita tristeza e indignação ao ver estas imagens de lugares judaicos a serem vandalizados", disse o presidente do Conselho Representativo das Instituições Judaicas de França (CRIF), Yonathan Arfi, citado pela agência de notícias France-Presse.
O ministro do Interior francês, Bruno Retailleau, escreveu na rede social X estar "profundamente revoltado com estes atos odiosos dirigidos à comunidade judaica".
As relações entre a França e Israel vivem um novo momento de tensão com o desejo declarado de Paris em reconhecer um Estado palestiniano e uma possível suspensão do acordo de associação entre a UE e Israel.
A França alberga a maior comunidade judaica da Europa.
Em 2024, foram registados 1.570 atos antissemitas em França, de acordo com o Ministério do Interior.
Telavive e o movimento islamita palestiniano Hamas estão em guerra desde os ataques liderados pelo grupo em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, que causaram cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
Das 251 pessoas raptadas na altura, 57 continuam detidas em Gaza, das quais pelo menos 34 já morreram, segundo as autoridades israelitas.
A retaliação de Israel já provocou mais de 54.000 mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
MYMM (TAB/LFS/JH) // EJ
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