O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, é esta segunda-feira entrevistado no Jornal da Noite da SIC, na véspera da votação de uma moção de confiança que pode levar à queda do Governo.

O líder da oposição é entrevistado por Clara de Sousa minutos antes de reunião da Comissão Nacional do PS, agendada para as 21:00 na sede nacional do partido, um encontro que terá como ponto único a análise da situação política do país.

Uma entrevista que ganha uma importância ainda maior por acontecer na véspera de um debate e votação que poderão ter um cariz decisivo para o futuro do país.

Debate ‘aqueceu’ nos últimos dias

Pedro Nuno Santos é entrevistado na SIC depois de um fim de semana de troca de acusações entre o primeiro-ministro e o secretário-geral do PS, em que se responsabilizaram mutuamente pela eventualidade de eleições antecipadas.

No sábado, num almoço do Dia da Mulher, na Maia, Porto, Montenegro afirmou que lhe "parece que não há alternativa" a eleições antecipadas, garantindo que é sua responsabilidade "evitar que Portugal seja um país envolto em lama".

Horas depois, em Lisboa, Pedro Nuno Santos respondeu e acusou o primeiro-ministro de "estar na lama"para a qual arrastou PSD, Governo e agora querer levar também o país. E avisou que o Executivo de direita que "nunca poderá ter a confiança" dos socialistas.

Já no domingo, o dirigente do PSD Miguel Pinto Luz voltou a responsabilizar o PS por eleições antecipadas que nem o Governo nem o PSD desejam.

"Deixem-nos trabalhar é o apelo que o PSD hoje faz, deixem-nos governar, deixem nos concluir o programa com o qual vencemos eleições em 2024", pediu.

O chumbo de um voto de confiança implica a demissão do Governo. O Presidente da República, face a este cenário, já antecipou que as datas possíveis para realizar legislativas antecipadas o mais breve possível são 11 ou 18 de maio.

Montenegro no centro da polémica

A atual crise política teve início em fevereiro com a publicação de uma notícia, pelo Correio da Manhã, sobre a empresa familiar de Luís Montenegro, Spinumviva, detida à altura pelos filhos e pela mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos, - e que passou esta semana apenas para os filhos de ambos - levantando dúvidas sobre o cumprimento do regime de incompatibilidades e impedimentos dos titulares de cargos públicos e políticos.

MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Depois de mais de duas semanas de notícias -- incluindo a do Expresso de que a empresa Solverde pagava uma avença mensal de 4.500 euros à Spinumviva - de duas moções de censura ao Governo, de Chega e PCP, ambas rejeitadas, e do anúncio do PS de que iria apresentar uma comissão de inquérito, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou a 05 de março a apresentação de uma moção de confiança.