A possibilidade foi admitida pelo ministro Manuel Castro Almeida em entrevista ao jornal online Observador. O governante refere também que o primeiro-ministro Luís Montenegro podia ter esclarecido a questão sobre a empresa familiar mais cedo.

Castro Almeida considera, ainda assim, que o caso tomou proporções exageradas.

“Está criada uma certa ideia de diabolizar alguém que tenha uma empresa pelo simples facto de ter uma empresa”, afirma ao Observador.

E, a pouco dias do debate na Assembleia da República da moção de confiança apresentada pelo Governo, o ministro lança um desafio ao PS.

"Acho que se o PS vier declarar que reconhece ao Governo condições para executar o seu programa, se declarar que se considera satisfeito com os esclarecimentos dados e que retira a comissão parlamentar de inquérito, acho que há condições para a moção de confiança poder ser retirada”, admite Castro Almeida.

Por isso, sublinha, “será a contragosto que vamos para eleições. Mas quem as provoca de facto é o PS”, considerando que se os socialistas quiserem evitar a antecipação das legislativas, podem fazê-lo, bastando absterem-se na votação da moção de confiança, em vez de votarem contra, como já foi anunciado pelo secretário-geral do PS.

O governante assinalou que o PS não viabilizou as moções de censura apresentadas por Chega e PCP e acusou os socialistas de incoerência e "taticismo puro".

Castro Almeida disse também que "todas as perguntas que foram colocadas por escrito serão respondidas antes da moção de confiança".

Sobre a possibilidade de o PSD propor alguém para substituir Luís Montenegro no cargo de primeiro-ministro, o ministro considerou que "isso está totalmente fora de causa" e é "um não assunto".

Moção de confiança: debate está agendado

O Conselho de Ministros aprovou esta quinta-feira, 6 de março, “por deliberação escrita e através da rede informática do Governo, uma Moção de Confiança a submeter à Assembleia da República”.

Com o chumbo garantido, o Presidente Marcelo já prometeu agir “o mais rápido possível”. Marcelo convocará “imediatamente”os partidos - “se possível para o dia seguinte" -, e "o Conselho de Estado para dois dias depois", prometendo "um calendário de intervenção o mais rápido possível".

Já com datas em mente, Marcelo Rebelo de Sousa indicou a possibilidade do país ir a eleições legislativas entre os dias 11 e 18 de maio, entendendo que, desta vez, não é preciso dar espaço para haver uma reorganização política interna nos partidos.

Pedro Nuno chama presidentes das federações

Dois dias antes do debate e votação da moção de confiança, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, vai reunir-se com os presidentes das federações socialistas, adiantou à Lusa fonte oficial do Partido Socialista (PS).

Esta reunião está marcada para domingo de manhã, na sede do PS, em Lisboa, e acontece numa altura em que o país está numa crise política.

Com LUSA