O Almirante Gouveia e Melo recusa ser reconduzido como Chefe do Estado-Maior da Armada e deverá anunciar, em março, a entrada na corrida à Presidência da República.

Gouveia e Melo informou o ministro da Defesa, Nuno Melo, da indisponibilidade para continuar no cargo.

A SIC sabe que Gouveia é Melo deve passar à reserva nos finais de março e, nessa altura, deverá apresentar a candidatura a Belém. Até lá, mantém-se ao serviço do Ministério da Defesa e da Marinha até ter todo o tempo necessário para a reserva.

Fontes da SIC revelam que o Almirante deverá a ficar a trabalhar num gabinete da Marinha.

A SIC apurou também que Gouveia e Melo já terá tido sinais de apoio de alguns autarcas de Norte a Sul do país.

Esta sexta-feira, o Expresso dava conta de que o Almirante poderia ficar mais uns meses à frente da Armada, mas sem cumprir o próximo mandato por completo. Questionado sobre o futuro de Gouveia e Melo, o Presidente da República preferiu não comentar.

Dois anos seguidos a liderar sondagens para a Presidência da República

Em setembro de 2023, uma sondagem SIC/Expresso apontava Henrique Gouveia e Melo como o nome preferido dos portugueses para ser o próximo Presidente da República.

Segundo a sondagem, o Almirante era o mais popular entre o eleitorado de direita e à esquerda apenas António Costa o ultrapassava.

Um ano depois, uma nova sondagem voltava a atribuir o favoritismo na corrida presidencial a Gouveia e Melo, com uma vantagem de quase 6% face a Pedro Passos Coelho.

JOSE SENA GOULAO

Gouveia e Melo, o “péssimo político” que vai entrar na corrida a Belém

O nome do Almirante ganhou notoriedade na fase crítica do combate à pandemia de covid-19 em Portugal. Gouveia e Melo coordenou, com destacado grau de sucesso, o plano nacional de vacinação contra a doença provocada pelo coronavírus.

Numa das primeiras declarações públicas sobre a hipótese de se candidatar à Presidência da República, o então vice-Almirante considerou que "daria um péssimo político" e que se sentia "perfeitamente realizado enquanto militar".

"Não sinto necessidade de dar [o meu contributo] enquanto político, primeiro porque não estou preparado para isso, acho que daria um péssimo político e também acho que devemos separar o que é militar do que é político, porque são campos de atuação completamente diferentes", afirmou, numa entrevista à agência Lusa em setembro de 2021.

Armando Franca

Dois meses mais tarde, dizia estar focado na carreira militar, mas sem descartar a hipótese de uma candidatura presidencial. Gouveia e Melo sublinhava que ambos contribuem para a resolução dos problemas comuns e deixava no ar a possibilidade de vir a estar do outro lado.

Em março do ano passado, numa entrevista exclusiva à SIC, o Chefe do Estado-Maior da Armada falou da liderança que encontrou à frente do Serviço Nacional de Saúde e admitiu que a necessidade que sentia em tomar decisões rápidas colidia, por vezes, com outros objetivos de cariz político.

Sobre uma eventual candidatura à Presidência, afirmou que a pergunta não trazia dissabores, por ser “legítima”.

MÁRIO CRUZ

Nove meses depois, em dezembro, rejeitava liminarmente a possibilidade de avançar enquanto candidato presidencial e dizia-se “indiferente” às sondagens que o colocavam no topo das intenções de voto.

“Eu já disse que não, espero que percebam o ‘não’ e não insistam na mesma pergunta 300 vezes”, afirmou.

Quase um ano volvido, o sentido da ‘navegação’ presidencial virou 180 graus e, após meses de especulação sobre a continuidade ao leme da Armada, Henrique Gouveia e Melo irá mesmo avançar com uma candidatura a Belém.