Emanuel Câmara foi eleito ontem deputado à Assembleia da República pelo círculo da Madeira, seria um motivo para celebrar, não fosse uma “noite violenta”, ensombrada pelos maus resultados do partido a nível do pais e particularmente da Madeira, que inclusive levaram à perda do segundo representante em Lisboa. Contactado pelo DIÁRIO, o ainda presidente da Câmara do Porto Moniz estava de volta ao seu lugar e confessou: “Neste momento eu até prefiro estar calado, é melhor, não é?” Revelou que a direcção do PS-M deverá reunir ainda esta semana.

Emanuel Câmara esteve 20 anos na oposição antes de conseguir vencer a autarquia e por isso, sublinha que sabe gerir muito bem as derrotas. “O que eu posso dizer é que os madeirenses e os porto-santenses votaram, decidiram, portanto só temos de respeitar”. Embora assuma que gostaria de ter pelo menos mantido os dois deputados em Lisboa. “Foi de facto uma noite violenta (…) com algumas situações que têm de ser analisadas profundamente, não só pelos madeirenses e porto-santenses, mas por todos os portugueses”.

Em relação a responsabilidades, diz que está tranquilo e de consciência tranquila e no caso do líder regional, Emanuel Câmara recusa-se a atirar culpas, diz que estas eleições não podem ser vistas só no plano regional e que no plano nacional um pouco por todo o país o PS foi penalizado. “Neste momento querer responsabilizar, neste caso é o Paulo Cafôfo, ou fosse outra pessoa qualquer, pelo resultado menos bem conseguido… A verdade é que perdemos um deputado, não foi bom”. Disse ainda que nas eleições legislativas para a Assembleia da República, os resultados da Madeira “quase que acompanham o que se está a passar a nível nacional, as pessoas estão atentas ao que se passa a nível nacional”.

Perante a insistência, voltou à defensiva. “Neste momento, é como eu digo, eu não vou me pronunciar sobre essa situação. Há órgãos próprios do partido. São situações que devem ser, na minha opinião, dirimidas dentro do partido. Eu já ouvi, ainda ontem a reacção do presidente do partido, o Paulo Cafofo, foi que o objetivo dele é continuar até às eleições autárquicas”.

O ex-líder do PS-M vai manter-se na Câmara do Porto Moniz até ao final do mandato, ficando entretanto no seu lugar como deputada em Lisboa Sofia Canha, a número dois da lista. Emanuel Câmara assume que tem a responsabilidade acrescida de ser o único deputado eleito na Madeira pelo Partido Socialista. “Em termos políticos e em termos estratégicos, posso dizer que sou a única voz de Esquerda da Madeira que está na Assembleia da República”.

E desafia os deputados eleitos pela AD a resolverem os vários dossiers que estão a marinar há muito tempo na próxima legislatura.