
No Dia do Trabalhador, o candidato do JPP à Assembleia da República, Filipe Sousa, destacou a necessidade urgente de abordar questões como a dignidade laboral, direitos dos trabalhadores e justiça salarial na Região Autónoma da Madeira.
Apesar dos avanços salariais registados nos últimos anos, Filipe Sousa alertou que se continua a observar "imensas disparidades, com destaque para o salário das mulheres, sempre inferior ao dos homens, a subida do salário mínimo mas a estagnação do salário médio, empurrando para a porta da pobreza um número cada vez maior de pessoas da classe média".
O candidato sublinhou que esta data não é apenas para descanso: "Este dia não é um mero dia de descanso. É um dia para reconhecer e homenagear todos os homens e mulheres que trabalham, mas é sobretudo importante reflectir sobre as formas como vamos atalhar os problemas que referi dos salários, da precaridade laboral, dos direitos, da vida laboral conciliada com a vida familiar, numa época em que a força do trabalho tem vindo a ser desvalorizada."
Filipe Sousa chamou atenção para as conclusões preocupantes do recente Estudo de Caracterização da Pobreza na RAM (2022-2024), apresentado após as eleições regionais de Março. Segundo o documento, "apesar da evolução no que diz respeito aos ganhos médios mensais, a RAM tem a segunda maior taxa de trabalhadores em risco de pobreza".
O relatório indica ainda que "a força de trabalho tem baixa escolaridade e baixos rendimentos, em comparação com o território nacional, e segundo o último inquérito, em 2022, 15,7% da população empregada na RAM estava em risco de pobreza monetária, valor apenas inferior à Região Autónoma dos Açores, sendo o maior risco de pobreza registado na região desde 2018."
Fazendo contas aos números, o candidato do JPP revelou que das 123.200 pessoas empregadas na Região em 2022, aproximadamente 20 mil eram consideradas pobres, uma situação que classificou como "brutal".
Outro dado alarmante apontado pelo estudo é que "na RAM, 71,2 mil pessoas vivem em situação de pobreza ou exclusão social e 62,8 mil pessoas vivem com um rendimento inferior a 591 euros mensais, ou seja, cerca de 1 em cada 4 madeirenses está em risco de pobreza."
Criticou ainda o facto de que, segundo o estudo encomendado pelo próprio Governo Regional, "a Região perdeu, na última década, 7,5% da população empregada, contrariando a tendência nacional de crescimento".
O candidato defendeu a necessidade de "um pacto entre os partidos" para resolver esta "grave situação" e comprometeu-se, caso seja eleito para a Assembleia da República nas eleições de 18 de Maio, a trabalhar para "corrigir estas desigualdades que não dignificam quem trabalha".
No encerramento da sua intervenção, Filipe Sousa afirmou que os tempos actuais exigem "mais do que palavras" porque "vivemos tempos de mudança, com o trabalho a transformar-se, a tecnologia, os novos modelos de organização, as exigências de um mundo globalizado", mas ressalvou que "há valores que não podem mudar que são a dignidade de quem trabalha, o respeito pelos direitos laborais e a justiça na repartição da riqueza".
Por fim, o candidato homenageou "todos os que ensinam, os que cuidam, os que produzem, os que transportam, os que investigam, os que servem, os que constroem e todos aqueles que, em silêncio, fazem a Madeira e Portugal avançar, com esforço, com dedicação e com compromisso".