É engenheira química de formação, licenciada pela Universidade do Porto, e foi na Sonae Indústria que iniciou a carreira. Filipa Mota e Costa, diretora-geral da farmacêutica Johnson & Johnson Innovative Medicine Portugal, garante que nunca teve um “cargo de sonho ou o objetivo de ser CEO desta, ou daquela empresa”. O que sempre alimentou foi o desafio constante de não se acomodar e de investir no seu desenvolvimento e daqueles que a rodeiam: “estou sempre à procura daquilo que ainda não sei, que ainda não fiz, daquilo que é difícil para mim, porque acho que é pelo difícil que nos desenvolvemos e crescemos”, diz.
Apesar disso, ao fim de sete anos na Sonae Indústria decidiu alargar horizontes e rumar ao INSEAD, em França, para realizar um MBA que acabou por lhe mudar a vida. O regresso ficou marcado pela saída da Sonae, levando como legado inúmeras aprendizagens e uma conversa marcante com Belmiro de Azevedo. “Aconselhou-me a manter a inquietude, a continuar sempre à procura de mais, do desafio, esteja ele onde estiver”, recorda Filipa, acrescentando que “esse conselho, que é muito inspirador, marca muita gente que teve a oportunidade de se cruzar com ele”.
A formação executiva abriu a Filipa as portas para uma carreira na indústria farmacêutica. Integrou a operação portuguesa da Janssen, como responsável pela expansão de negócio da empresa. Desde então traçou um percurso ascendente na carreira, em funções nacionais e internacionais, como o que exerceu na Janssen Itália, onde liderou equipas dedicadas à introdução de novos produtos no mercado e ao nível do desenvolvimento da área oncológica na Europa.
Neste caminho desenvolveu o seu perfil de liderança junto das pessoas com quem se cruzou ao longo do caminho. Defende que "em todas as funções que exercemos, temos funções de liderança mesmo sem ter pessoas que reportem a nós". E acrescenta: “quando aprendi mais sobre liderança, não tinha pessoas a reportar a mim”, destacando a importância de observar líderes experientes na interação com as suas equipas.
Desde 2016 que Filipa Mota e Costa lidera a Johnson & Johnson Innovative Medicine Portugal, cargo que acumula com a vice-presidência da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica. Admite que só quando se sentou na cadeira do líder percebeu a “solidão do cargo”. E nota que é preciso mudar mentalidade no que à figura do líder diz respeito. "Pedir ajuda, trocar ideias ou dizer que não sabemos não é, de modo nenhum, ser frágil, independentemente da pessoa [a quem pedimos ajuda] estar abaixo do ponto de vista hierárquico. As pessoas estão todas ao nosso lado e com todas podemos aprender", sublinha.
O CEO é o limite é o podcast de liderança e carreira do Expresso. Todas as semanas a jornalista Cátia Mateus mostra-lhe quem são, como começaram e o que fizeram para chegar ao topo os gestores portugueses que marcaram o passado, os que dirigem a atualidade e os que prometem moldar o futuro. Histórias inspiradoras, contadas na primeira pessoa, por quem ousa fazer acontecer. Ouça outros episódios: