
O ex-presidente do parlamento Ferro Rodrigues disse, no julgamento dos 'negacionistas' acusados de injúrias e tentativas de agressão contra si e Gouveia e Melo, que existe uma perseguição contra a sua imagem e a extrema-direita está envolvida.
"Há uma perseguição consciente, há muitos anos, contra a minha imagem, em que a extrema-direita portuguesa está totalmente envolvida", sublinhou o antigo presidente da Assembleia da República, na primeira sessão do julgamento que conta com dez arguidos acusados dos crimes de ofensas à integridade física agravada na forma tentada, injúria agravada, ameaça agravada e dano qualificado na forma consumada.
Eduardo Ferro Rodrigues foi a primeira testemunha a ser ouvida no âmbito deste processo e, de acordo com a acusação do Ministério Público, o político socialista terá ouvido os insultos "pedófilo" e "assassino" quando entrava num restaurante na zona de São Bento, em Lisboa, em setembro de 2021.
"[Ouvi] todas as expressões que estão na acusação do Ministério Público. Lembro-me bem. 'Pedófilo', para mim, é muito grave", disse, perante o coletivo presidido pela juíza Sandra Carneiro.
Em relação a este insulto, o ex-presidente da Assembleia da República considerou ainda que esta é "uma calúnia que foi instalada em 2003".
"Passados 20 anos, voltou a aparecer na comunicação social, sobretudo nas redes [sociais], na internet e nas televisões, devido à participação destes senhores", acrescentou, referindo-se aos arguidos.
Tribunal não conseguiu notificar Gouveia e Melo
Durante a tarde, foram também ouvidos em tribunal vários agentes da PSP que estavam em Odivelas quando Gouveia e Melo foi ao centro de vacinação, e em São Bento, quando Ferro Rodrigues terá sido insultado ao entrar e sair de um restaurante.
Maria Silva, do corpo de segurança do antigo presidente da Assembleia da República, chegou a identificar em tribunal uma das arguidas como sendo a mulher que lhe terá puxado o cabelo.
Esta testemunha confirmou ainda os insultos dirigidos a Ferro Rodrigues e a dificuldade que as forças de segurança tiveram para afastar os manifestantes.
Em relação ao episódio que envolveu Henrique Gouveia e Melo - que o tribunal não conseguiu notificar para depor em tribunal como testemunha -, a agente da PSP de Odivelas Cátia Cardoso admitiu que as pessoas estavam mais exaltadas quando Gouveia e Melo saiu do centro de vacinação.
"Estavam mesmo muito agressivas, tenho a certeza de que se nós não estivéssemos lá, iam para ele [Gouveia e Melo], sem sombra de dúvida", explicou.
- Com Lusa