Mais de um milhão de alunos regressou esta segunda-feira às aulas, depois da paragem para as férias de Natal e de um primeiro período marcado pela falta de professores e por várias greves.

Em entrevista à SIC Notícias, Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos de Escolas Públicas, fala sobre aquilo a que chama de “vírus" da falta de professores, um problema sentido não só a sul e na zona de Lisboa, mas agora também no centro e norte.

“Já há dificuldade em contratar alguns professores em alguns grupos de recrutamento no Norte do país. É dramático, não é positivo. O vírus estava muito localizado em Lisboa”, afirma.

Filinto Lima defende que o apoio à estadia dos professores seria uma mais valia para “resolver esse problema”.

“Era preciso que o Ministério das Finanças abrisse o cordão à bolsa e, de facto, ajudasse a incrementar esta medida que eu acho que era bastante oportuna.”

O presidente da associação de diretores adianta que já não são só as disciplinas de TIC e línguas onde se sente mais dificuldade em substituir professores: “Hoje em dia já são por todos os grupos de recrutamento.”

Filinto Lima apela ainda ao Governo para investir na escola pública, tanto em matéria de recursos humanos, como na requalificação.

"Uma gota no oceano"

Sobre os cerca de 400 professores que se vão aposentar este período, reconhece que a substituição será “quase impossível”. Fala na medida “+Aulas+Sucesso”, que prevê que 55 professores aposentados regressem às escolas em janeiro, e diz que é insuficiente: “É uma gota no oceano".

"Há um défice entre o deve e o haver, ou seja, é necessário investir desde logo na carreira docente, valorizá-la, dignificá-la. Isto não tem acontecido há uns anos a esta parte.”

Ainda assim, reconhece que este é um problema generalizado e que não atinge apenas Portugal, mas também o resto do mundo.

“Os nossos governantes não acautelaram esta substituição de professores e uma escola sem professores, de facto, não existe.”