A fábrica da Coindu, instalada há 36 anos em Arcos de Valdevez para, na quinta-feira a laboração, deixando sem emprego 350 trabalhadores que recebem os direitos previstos no despedimento coletivo, mais 17% de indemnização por cada ano de trabalho.
Contactada pela agência Lusa, Carla Vaz, trabalhadora da Coindu há 14 anos e dirigente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA) explicou que, na quinta-feira, os trabalhadores cumprem o horário normal e, só regressam à empresa, no dia 31, para receberem as indemnizações.
"Vai ser um dia longo. Já custa entrar na fábrica e ver algumas máquinas a desaparecerem, outras a serem desmontadas. Vai ser um misto de emoções, depois da pressão dos últimos meses em que era viver um dia de cada vez", afirmou.
Em Portugal, a Coindu, fundada em 1988, tem unidades fabris em Arcos de Valdevez, no distrito de Viana do Castelo, e em Joane, Vila Nova de Famalicão, no distrito de Braga.
O grupo é especializado na produção de capas para assentos de automóveis e peças decorativas de superfície para interiores.
Com o encerramento da empresa onde deixou 14 anos de trabalho, Carla Vaz de 31 anos, que reside no concelho de Ponte de Lima, quer acreditar que vai "viver um futuro melhor".
"Havendo saúde, o resto vem por acréscimo", desabafou.
Segundo Carla Vaz, dos 350 trabalhadores da empresa, sobretudo mulheres, "algumas já conseguiram um novo emprego, mas a maioria não".
"Há muitas empresas do setor automóvel que estão a fechar. No distrito de Viana do Castelo as maiores empresas são do setor automóvel", referiu, adiantando que vai pensar no futuro, depois do Natal, que quer passar com as filhas, o marido e a família mais próxima.
No dia 25 de novembro, o SIMA tornou público o encerramento, no final do mês, da fábrica de Arcos de Valdevez e o despedimento dos 350 trabalhadores.
Segundo o SIMA, a decisão aconteceu cerca de um mês após a compra da empresa pelo grupo italiano Mastrotto.
Já este mês, o grupo Coindu garantiu estar a cumprir com os direitos legais dos trabalhadores da fábrica de Arcos de Valdevez e rejeitou a relocação da produção daquela unidade para a Tunísia, referindo que o encerramento "é consequência do fim de vida do ciclo de produção dos veículos nomeados".
Citado em comunicado enviado às redações, o CEO da Coindu, António Cândido, afirmou que ao longo de 2024 procurou "preservar a situação operacional, transferindo temporariamente algumas produções da fábrica Joane para Arcos de Valdevez, negociando novas oportunidades de projetos".
"Apesar destes esforços, não foi possível garantir a sustentabilidade produtiva do local", apontava.
A empresa "está a avaliar oportunidades de produção em países extraeuropeus exclusivamente para novos projetos cujas características económicas não são compatíveis com a produção em Portugal".