"O Tribunal Constitucional valida por unanimidade a eleição de Nicusor Dan como Presidente da Roménia", disse o presidente do tribunal, Marian Enache, numa cerimónia realizada na sede, em Bucareste.

Os juízes rejeitaram por unanimidade o recurso, alegando ser "infundado", do nacionalista George Simion, que pediu a anulação da segunda volta, realizada no domingo passado, na qual o candidato obteve 46,4% dos votos, depois de ter vencido, com 41%, a primeira volta, duas semanas antes.

"Lutarei pela consolidação das instituições estatais, pela prosperidade económica do país, serei um parceiro na comunidade empresarial e um garante das liberdades civis", disse Dan aos juízes do Tribunal Constitucional, ao presidente interino, Ilie Bolojan, e à imprensa.

Dan deixou um agradecimento aos romenos, "que compareceram em grande número para votar e que assim deram legitimidade ao novo Presidente" -- a participação na segunda volta das presidenciais foi de 64,7%, a maior em 30 anos de história do país.

"A sociedade romena demonstrou sabedoria", considerou, citado pelo meio romeno HotNews, o Presidente eleito, que venceu as presidenciais com 53,6%.

Após esta decisão, será convocada uma sessão plenária conjunta do Parlamento, durante a qual Dan tomará posse como Presidente, o que poderá ocorrer já na próxima segunda-feira.

Simion, líder da Aliança para a União dos Romenos (AUR), o segundo maior partido no Parlamento, alegou --- sem fornecer provas --- que a compra de votos e um orçamento de 100 milhões de euros alocado à Moldova, onde muitos cidadãos têm dupla nacionalidade, foram usados para favorecer o pró-europeu Dan.

O nacionalista também acusou a França de interferência eleitoral e pediu que fosse considerado o depoimento do fundador do Telegram, Pavel Durov, que alegou que os serviços secretos franceses lhe pediram para silenciar vozes "conservadoras" durante as eleições.

O Governo francês e os serviços secretos rejeitaram essas acusações.

"As redes sociais foram manipuladas e algoritmos foram usados para influenciar cidadãos romenos. O depoimento do criador do Telegram, no qual ele afirma que o Governo francês interveio para censurar as nossas vozes durante esse período, é revelador", disse Simion na terça-feira.

Ao saber que seu apelo havia sido rejeitado, Simion apelidou a decisão do Constitucional de "golpe de Estado" e pediu aos seus apoiantes que lutassem.

Simion reconheceu a vitória de Dan e felicitou-o na segunda-feira.

O Presidente eleito criticou Simion por incitar os seus apoiantes e alertou que não tolerará nenhum tipo de violência.

Em dezembro passado, o Tribunal Constitucional anulou o processo eleitoral, cuja primeira volta foi inesperadamente vencido pelo pró-russo Calin Georgescu, um político até então praticamente desconhecido.

As autoridades romenas alegaram que a Rússia interferiu nessa eleição, promovendo uma intensa campanha nas redes sociais a favor de Georgescu, que alegou que não gastou nada na campanha.

Georgescu, acusado de ameaçar a ordem constitucional e criar uma organização fascista, foi impedido de concorrer novamente, e grande parte dos seus eleitores apoiaram Simion -- que denunciou a anulação como "um golpe de Estado" e prometeu colocar Georgescu como primeiro-ministro, caso fosse eleito Presidente.

Observadores eleitorais da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) consideraram na segunda-feira que as eleições presidenciais foram bem organizadas, mas marcadas por desinformação online, parte dela vinda do exterior, bem como por ataques agressivos e intensa polarização entre partidos pró-europeus e pró-nacionalistas.

O Presidente romeno tem poderes sobre política externa e de segurança, e também é responsável por nomear um primeiro-ministro, entre outros cargos.

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