As forças israelitas mataram dezenas de pessoas, incluindo crianças, tanto no Líbano como em Gaza, à medida que se intensifica o conflito entre Israel e os grupos militantes Hamas e Hezbollah. Na vertente política, Netanyahu e Trump discutiram a "ameaça iraniana" na terceira conversa em poucos dias.

O chefe da Agência Internacional de Energia Atómica das Nações Unidas afirmou este domingo que viajará para o Irão nos próximos dias para manter conversações sobre o programa nuclear do país, informou a Associated Press.

A visita surge durante as tensões mais amplas que assolam o Médio Oriente devido à guerra entre Israel e o Hamas e à incerteza sobre a forma como o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, abordará as relações com o Irão após a sua tomada de posse em janeiro.

Especificamente, Rafael Grossi terá reuniões de alto nível com o governo iraniano e realizará discussões técnicas sobre todos os aspetos relacionados com a declaração conjunta acordada com o Irão em março de 2023. De acordo com relatórios recentes da AIEA, o Irão está a avançar rapidamente com o seu programa atómico e continua a aumentar as suas reservas de urânio enriquecido.

Netanyahu e Trump discutem "ameaça iraniana" na terceira conversa em poucos dias

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, falou com o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, sobre “a ameaça iraniana”, naquela que é já a terceira conversa entre ambos desde as eleições de 05 de novembro.

“Nos últimos dias falei por três vezes com o presidente eleito Donald Trump (…). Temos a mesma visão sobre a ameaça iraniana em todos os seus aspetos”, declarou Netanyahu no conselho de ministros, de acordo com um comunicado do seu gabinete citado pela AFP.

Netanyahu afirmou ainda ter discutido com Trump “as grandes oportunidades que se abrem para Israel, no domínio da paz e da sua expansão”.

As conversações entre os dois responsáveis destinam-se “a fortalecer ainda mais a aliança sólida entre Israel e os Estados Unidos”, detalha o comunicado.

Ataques israelitas matam 30 pessoas em Gaza, diz Defesa Civil palestiniana

Trinta pessoas, incluindo 13 crianças, morreram na sequência de dois ataques israelitas na Faixa de Gaza, afirmou a Defesa Civil palestiniana.

Um ataque causou "pelo menos" 25 mortos, "incluindo 13 crianças", numa casa em Jabalia, no norte do enclave palestiniano, e "mais de 30 feridos", de acordo com a Defesa Civil em Gaza.

Cinco pessoas morreram num outro ataque a uma casa no bairro de al-Sabra, na cidade de Gaza, acrescentaram os serviços de emergência palestinianos, referindo que há desaparecidos.

"Vários civis ainda se encontram sob os escombros", referiram.

Mais de 43.550 palestinianos foram mortos no enclave, na sequência da retaliação de Israel aos ataques de 7 de outubro, a maioria dos quais civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas em Gaza, considerados credíveis pelas Nações Unidas.

38 mortos em ataques israelitas no Líbano

Pelo menos 38 pessoas foram mortas em ataques israelitas no Líbano, incluindo 23 num ataque a uma cidade a norte de Beirute, capital do país, anunciou o Ministério da Saúde.

Um "ataque do inimigo israelita contra Aalmat, na região de Jbeil, matou 23 pessoas, incluindo sete crianças, e feriu outras seis", disse o ministério, acrescentando que o número de mortos poderá aumentar ainda mais à medida que os "restos mortais" sejam retirados dos escombros.

O ataque teve como alvo uma casa e aconteceu pouco depois da chegada de um membro do Hezbollah que tinha ido visitar os desalojados na zona, adiantou uma fonte de segurança à agência de notícias francesa AFP, acrescentando que este sucumbiu aos ferimentos no hospital.

As imagens da AFP mostraram os socorristas a escavar com as próprias mãos nos escombros da casa completamente destruída, enquanto uma escavadora removia blocos de pedra, naquela comunidade xiita situada na região montanhosa e predominantemente cristã, a cerca de 30 quilómetros de Beirute.

Este domingo, pelo menos 12 pessoas foram mortas nos ataques israelitas nesta região, segundo o ministério.

No sul do país, três equipas de salvamento afiliadas ao Hezbollah foram mortas num ataque israelita contra o seu centro, na cidade de Adloun, no sul do país.

Hezbollah lança drones e foguetes contra o norte de Israel

O grupo xiita libanês reivindicou quatro ataques com drones e projéteis contra o norte de Israel, assim como "concentrações" de soldados israelitas na fronteira entre o Líbano e Israel.

Numa altura em que prosseguem os bombardeamentos da aviação militar israelita no sul e no leste do Líbano, o Hezbollah disse ter atacado com "uma esquadrilha de drones de assalto a base de Ain Khuzlut (uma base de comunicações militares) situada a 55 quilómetros" da fronteira, referindo que "o ataque atingiu o alvo com precisão".

Indicou ainda que os seus combatentes lançaram "barragens de mísseis contra concentrações de forças inimigas do exército israelita" no colonato israelita de Hagoshrim, bem como nos arredores da cidade de Shab'a e entre as aldeias de Hula e Markaba, no sul do Líbano.

Entretanto, a força aérea israelita continuou hoje a bombardear várias cidades do leste e do Sul do Líbano, especialmente Nabatiyeh e Tiro, uma das mais atingidas pelos ataques desencadeados por Israel nos últimos dias.

A agência noticiosa nacional libanesa, NNA, informou que as operações de remoção dos escombros prosseguem em Tiro e elevou para 17 o número de mortos de um ataque anterior na aldeia de Ras al Ain, depois de o corpo de um homem ter sido recuperado hoje.

No sábado, o Ministério da Saúde Pública libanês calculou o número de mortos em 3.136 e o número de feridos em 13.979 desde o início da guerra entre Israel e o Hezbollah, em outubro de 2023. A maioria destas vítimas ocorreu depois de 23 de setembro, quando Israel iniciou a sua campanha de bombardeamento maciço sem precedentes contra o sul e o leste do Líbano, incluindo Beirute, obrigando mais de 1,2 milhões de pessoas a fugir das suas casas.