
A administração Trump avisou alguns funcionários do Governo dos EUA que a equipa governamental de Elon Musk está a utilizar inteligência artificial (IA) para vigiar trabalhadores federais de pelo menos uma agência federal.
Segundo a Reuters, que cita duas fontes que falaram sob a condição de anonimato, o Departamento de eficiência governamental (DOGE, na sigla em inglês) está a monitorizar as comunicações em busca de sinais de divergência e hostilidade para com Trump e a sua agenda. Isto quando o mesmo departamento, liderado pelo homem mais rico do mundo, foi o principal contribuinte para que o número de layoffs nos EUA disparasse para valores que não eram vistos desde a pandemia. Segundo a CNN Business, foram registados 275 mil anúncios de layoffs em março, dos quais 216.215 (cerca de 80% do total) são parte dos planos do DOGE para eliminar postos de trabalho no governo federal.
De acordo com outra fonte citada pela Reuters, o DOGE está também a utilizar a aplicação Signal para comunicar. A aplicação pode ser configurada para que as mensagens sejam apagadas automaticamente após um período de tempo, o que pode representar uma violação das regras federais sobre a manutenção de registos da atividade governativa. Esta é a mesma aplicação na qual um jornalista da The Atlantic foi adicionado a um grupo com altos funcionários da administração Trump, incluindo o vice-Presidente JD Vance, no qual estavam a ser discutidos os planos de um ataque aos rebeldes hutis no Iémen.
De acordo com a Reuters, o departamento liderado por Musk implantou "fortemente" o chatbot Grok AI (a ferramenta de IA de Musk, que almeja rivalizar com o ChatGPT) como parte dos cortes no governo federal. A agência de notícias não conseguiu determinar exatamente qual a finalidade para que o Grok está a ser utilizado, mas a notícia aumenta os receios dos especialistas em cibersegurança.
Nem o DOGE, nem Musk, nem a Casa Branca responderam às perguntas da agência de notícias. O departamento - que tem gerado várias polémicas e desconforto mesmo entre Republicanos pelos cortes que tem tentado implementar no Governo Federal - continua a operar sob grande secretismo.
Primeira grande divergência
É "o desacordo de mais alto nível entre o Presidente e um dos seus principais conselheiros". Segundo noticia esta terça-feira o "Washington Post", Elon Musk fez apelos pessoais e diretos a Donald Trump para que as novas tarifas fossem revertidas.
De acordo com o jornal norte-americano, os apelos foram feitos enquanto Musk recorria à sua rede social (X) para criticar publicamente Peter Navarro, o conselheiro da Casa Branca que é um dos principais generais na guerra comercial de Trump. “Um doutoramento em Economia por Harvard é uma coisa má, não uma coisa boa”, escreveu Musk. O dono da Tesla publicou também um vídeo em que o economista conservador Milton Friedman defende os benefícios da cooperação comercial internacional.
O homem mais rico do mundo, que é um dos principais conselheiros do Presidente dos EUA, está assim contra uma das principais bandeiras da administração que ajudou a eleger, tendo contribuído perto de 290 milhões de dólares para a campanha.
Apesar dos apelos, as tarifas mantiveram-se. Esta segunda-feira Trump voltou à carga e ameaçou aplicar uma taxa adicional de 50% à China.