O líder da Iniciativa Liberal (IL) afirmou, esta sexta-feira, que o partido "não está de braço dado com ninguém", mas mostrou-se disponível para viabilizar uma solução de centro-direita na Madeira, inclusive em parceria com o PSD, desde que Miguel Albuquerque saia.

"Nós seremos absolutamente responsáveis. Entendemos que a Madeira precisa de uma solução de centro-direita, mas quero ser muito claro: essa solução de centro-direita é uma solução sem Miguel Albuquerque", disse Rui Rocha, referindo-se ao líder social-democrata madeirense e chefe do executivo regional.

Rui Rocha falava aos jornalistas no decurso de um convívio com os candidatos da Iniciativa Liberal (IL) às eleições antecipadas do dia 23 na região autónoma, num bar no Funchal. A candidatura da IL é encabeçada pelo líder regional do partido, Gonçalo Maia Camelo.

"O meu compromisso, quer relativamente às eleições da Madeira, quer também às eleições nacionais, é que a Iniciativa Liberal não estará focada em casos, não estará focada em discussões sobre pessoas, em discussões sobre a pequena política", disse, para logo acrescentar: "Estaremos focados em trazer soluções e em dizer, quer aos madeirenses, quer aos portugueses em geral, que nós podemos todos juntos fazer muito melhor".

"IL não está de braço dado com ninguém"

Em relação à Madeira, o líder da IL considera que o ciclo de Miguel Albuquerque terminou e, agora, a região precisa de "estabilidade e ambição" para se tornar mais livre do ponto de vista económico e democrático.

"Nós queremos contribuir para a estabilidade", disse, acrescentado: "Pedimos aos madeirenses confiança, pedimos o reforço da nossa votação para podermos contribuir com as nossas soluções e para uma clarificação do cenário político, para que de uma vez a Madeira tenha condições para encontrar estabilidade".

Apesar da disponibilidade para entendimentos com forças de centro-direita, Rui Rocha garante que o partido tem capacidade para se afirmar sozinho.

"A IL não está de braço dado com ninguém. Já por isso, quer a nível regional, quer a nível nacional, apresentamos as nossas candidaturas, temos a nossa visão, as nossas propostas", explicou, salientando, no entanto, que há "particularidades a nível regional" e que a Madeira constituiu um bom exemplo das consequências da instabilidade política.

As terceiras eleições num ano e meio

As legislativas de 23 de março na Madeira são as terceiras em cerca de um ano e meio e ocorrem 10 meses após as anteriores, na sequência da aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega - que a justificou com as investigações judiciais envolvendo membros do Governo Regional, inclusive o presidente -- e da dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República.

"Infelizmente, quer a Madeira, quer agora também a nível nacional, nós estamos a ter muito menos preocupação com os problemas dos portugueses de que devíamos", alertou Rui Rocha, lamentando haver interesses particulares e partidários postos à frente dos interesses da população.

"A proposta que a Iniciativa Liberal apresenta, quer na Madeira, quer a nível nacional, é uma proposta de sentido de responsabilidade, sentido de Estado, de pôr os interesses dos portugueses e dos madeirenses à frente dos interesses particulares", afirmou.

Nas legislativas da Madeira, 14 candidaturas disputam os 47 lugares no parlamento regional, num círculo único: CDU (PCP/PEV), PSD, Livre, JPP, Nova Direita, PAN, Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS.

Atualmente, o Parlamento da Madeira é composto por 19 deputados do PSD, 11 do PS, nove do JPP, três do Chega e dois do CDS-PP. PAN e IL têm um assento cada e há ainda uma deputada independente (ex-Chega).