
A mulher cuja habitação foi demolida em Loures já teve o bebé e a autarquia garantiu esta quinta-feira que vai poder continuar a ficar alojada com os filhos na pensão atribuída pela Segurança Social em Lisboa.
Em mensagens enviadas à Lusa, Ana Paula dos Santos disse já ter tido alta da Maternidade Alfredo da Costa, onde Heitor nasceu na terça-feira, e ter sido levada por uma assistente social para a pensão onde estão as suas outras três filhas, de 18, 9 e 4 anos.
Ana Paula, há oito anos em Portugal e auxiliar efetiva num lar de idosos, não recebeu mais nenhuma indicação da Segurança Social, nomeadamente quanto a prazos.
Em 14 de março, e na sequência da divulgação de uma petição assinada por mais de mil pessoas e 59 coletivos, a Lusa foi ouvir Ana Paula dizer que temia que lhe tirassem o filho (estava a dias do parto) por não conseguir ter acesso a uma habitação.
Nessa altura, Ana Paula contou que as assistentes sociais lhe haviam dito que, se não tivesse morada, o bebé não sairia do hospital, dando-lhe oito dias, no máximo, para conseguir uma casa.
Este receio de retirada dos filhos tem sido relatado por outras pessoas sem casa às associações no terreno e os peticionários pedem ao Estado "que acabe este modo de verdadeira perseguição às famílias, às mulheres que perdem a casa" e "um programa de apoio a famílias vulneráveis, quando sofrem um despejo ou não têm casa".
Em resposta à Lusa, enviada esta quinta-feira, a autarquia de Loures recordou que o Instituto de Solidariedade e Segurança Social (ISSS) "garante o alojamento do agregado" de Ana Paula dos Santos "numa residencial em Lisboa, com dormida e pequeno-almoço" desde a demolição da sua casa autoconstruída no bairro do Talude Militar, em 24 de setembro de 2024.
"Após o nascimento do bebé e alta clínica da maternidade, o acolhimento de toda a família continuará a ser garantido pela mesma entidade e na mesma unidade hoteleira", informou, adiantando que Ana Paula apresentou candidatura a habitação municipal em 17 de janeiro, "tendo entregue a última documentação em 07 de fevereiro".
Perspetivando-se que a "candidatura conste na próxima atualização da lista de atribuição de habitação, a publicitar durante o próximo mês de abril", a autarquia ressalvou, porém, que existem, ao dia de hoje, "mais de 1.000 pedidos de habitação no regime de arrendamento apoiado".
Para esta quinta-feira está marcado um protesto do movimento Vida Justa, em frente à Maternidade Alfredo da Costa, para denunciar casos como o de Ana Paula dos Santos.