Uma equipa internacional de cientistas descobriu um exoplaneta gigante que orbita uma estrela minúscula, o que desafia as atuais teorias de formação planetária, tendo o estudo sido publicado hoje na revista científica Nature Astronomy.

A descoberta faz parte de um projeto de investigação que analisa dados da missão TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite) da NASA, que procura exoplanetas (fora do Sistema Solar) gigantes em torno de estrelas de baixa massa.

O exoplaneta TOI-6894b que orbita a estrela anã TOI-6894 (com apenas 20% da massa do Sol) é um planeta gasoso de baixa densidade, com um raio ligeiramente maior do que o de Saturno --- o segundo maior do Sistema Solar, depois de Júpiter --- mas com apenas metade da sua massa, informou hoje o CSIC em comunicado, citado pela agência noticiosa espanhola EFE.

De acordo com as atuais teorias de formação planetária, apenas as estrelas maiores e com maior massa são capazes de formar grandes planetas, pelo que a recente descoberta "surpreendeu e intrigou os investigadores".

A TOI-6894 é a estrela de menor massa onde foi descoberto um planeta gigante em trânsito, tendo apenas 60% do tamanho da segunda estrela mais pequena conhecida por ter "hospedado" um planeta semelhante.

Edward Bryant, bolseiro do Prémio de Astrofísica da Universidade de Warwick, no Reino Unido, é o primeiro autor do artigo, tendo participado no trabalho investigadores de centros de vários países, incluindo o Instituto Astrofísico da Andaluzia, do Conselho Superior de Investigações Científicas de Espanha (IAA-CSIC).

Em declarações à EFE, Francisco José Pozuelos, investigador do IAA, esclareceu que este não é o primeiro caso de um planeta gigante a formar-se perto de uma estrela anã, "mas é um dos mais extremos e surpreendentes".

Desde que foi iniciada em 2018, a missão TESS permitiu observar centenas de milhares de estrelas, incluindo mais de 90 mil anãs de baixa massa.

Esta descoberta é importante "porque alarga os limites do que se pensava ser possível na formação de planetas", obrigando os cientistas a "expandir e ajustar" os modelos existentes "para que também possam explicar estes sistemas extremos", referiu.

Além disso, a atmosfera do planeta é também surpreendentemente fria em comparação com outros gigantes gasosos descobertos até agora, atingindo apenas 140 graus Celsius, quando outros planetas semelhantes têm temperaturas até cinco vezes mais elevadas.

Esta outra particularidade torna o TOI-6894b um dos candidatos mais promissores para se investigar as atmosferas frias dos exoplanetas e contribuiu para a sua seleção para futuras obervações com o Telescópio Espacial James Webb (JWST), planeadas para os próximos meses.

Os investigadores estão convencidos de que este será um "planeta de referência" para o estudo de atmosferas dominadas por metano e um dos melhores laboratórios naturais para explorar atmosferas ricas em carbono, azoto e oxigénio fora do Sistema Solar, segundo a EFE.