Deputados taiwaneses envolveram-se, esta sexta-feira, em confrontos quando tentavam expulsar membros do Partido Democrático Progressista, que entraram durante a noite no parlamento para ocupar a cadeira do presidente da Assembleia Legislativa.

Segundo a imprensa local, alguns deputados ficaram feridos durante os confrontos, mas até ao momento não se conhece a gravidade dos ferimentos.

Na origem dos incidentes estão três projetos de lei que o partido nacionalista Kuomintang tentava fazer aprovar, incluindo um que, segundo os críticos, paralisaria o Tribunal Constitucional.

Depois de aprovado um projeto de lei, que pretende tornar mais rigorosos os requisitos para as petições dos eleitores para a destituição de funcionários eleitos, o debate sobre os restantes diplomas continuou pela noite dentro.

Outro dos diplomas em questão está focado na redistribuição de receitas fiscais e que beneficiaria governos locais.

Deputados removeram janelas para entrarem no Parlamento

De acordo com a Agência Central de Notícias de Taiwan, os deputados do Partido Democrático Progressista, que considera os textos como uma ameaça ao sistema democrático, removeram janelas para entrar no edifício do parlamento e ocuparam a área dos oradores, empilhando cadeiras para tentar bloquear o acesso.

Fotografias e vídeos dos confrontos entretanto divulgadas mostram um cenário de caos, com os membros nacionalistas a tentarem remover ou a empurrar as barreiras de cadeiras, ou a treparem por um parapeito em frente à zona dos oradores.

Os deputados do outro lado empurraram-nos para trás, assim como às cadeiras e atiraram-lhes água mineral de garrafas de plástico.

Os nacionalistas, vestidos com blusões brancos a condizer, acabaram por tomar o controlo da área, permitindo que o presidente da Assembleia, Han Kuo-yu, assumisse a sua posição.

O Partido Democrático Progressista, conhecido como DPP, estava a tentar bloquear qualquer votação sobre os projetos de lei.

Nenhum partido conseguiu a maioria

Nas últimas eleições legislativas, nem o DPP, nem os nacionalistas, conhecidos como KMT, obtiveram a maioria.

O KMT obteve um número ligeiramente superior de lugares e aliou-se a um partido menor para assumir o controlo da legislatura, disputando o poder com o Presidente de Taiwan, Lai Ching-te, que é do DPP.

Um dirigente do DPP afirmou, num vídeo divulgado nas redes sociais na quinta-feira à noite, que as ações do partido eram extremas, mas que não tinha outras opções, citou a Agência Central de Notícias. Milhares de apoiantes do DPP têm protestado à porta da Assembleia Legislativa.

Os legisladores de Taiwan já se envolveram em confrontos anteriormente: em 2020 houve arremesso de tripas de porco depois de o governo decidir levantar a proibição da importação de carne de porco e de vaca dos Estados Unidos.

A China reivindica a soberania sobre Taiwan, que considera uma "província rebelde" desde que os nacionalistas do Kuomintang se retiraram para a ilha em 1949, depois de terem perdido a guerra contra o exército comunista.

Com Lusa