
Gonçalo Tabuaço, o entrevistado da rubrica DIÁRIO-Desporto, presente no Youtube, foi o guarda-redes mais utilizado pelo Marítimo na temporada 2024/25, tendo actuado em 31 dos 35 jogos disputados pelos verde-rubros.
O atleta, de 24 anos, fez grande parte da sua formação no FC Porto e Vitória de Guimarães, tendo as suas prestações levado a que fosse chamado para envergar a camisola da selecção portuguesa nos escalões sub-17, sub-18 e sub-21.
Começou por jogar na frente, nomeadamente, na posição de ponta-de-lança, ainda em criança, ao serviço do Sport Clube de Canidelo, da cidade do Porto, de onde é natural.
Fui para a baliza uma vez, gostei e nunca mais saí. Estava num treino em que faltou o guarda-redes e fui o escolhido para render essa posição. Adaptei-me rapidamente e gostei da ideia da diferença que o guarda-redes pode ter num jogo. Gonçalo Tabuaço, guarda-redes do Marítimo
A pressão mental constante é, no seu entender, uma das maiores dificuldades da posição que ocupa em campo, onde os erros quando protagonizados por quem enverga as luvas são sempre mais destacados.
“Acabo um jogo, onde faço menos de metade dos quilómetros que os meus colegas e sinto-me, muitas vezes, mais cansado que eles, devido à parte emocional e à pressão que estou sujeito durante os 90 minutos. Basta estar menos focado num milésimo de segundo e posso cometer um erro que me leve a ser mal batido num golo”, referiu o jogador que disputou pela terceira vez a II Liga portuguesa de futebol, nomeadamente, ao serviço do Marítimo, BSAD e Estrela da Amadora.
Gonçalo Tabuaço afirmou que teve de procurar apoio de especialistas para poder gerir a parte menos positiva de ser guarda-redes, explicando que “a pressão emocional é o pior que acontece nesta posição, porque se não controlares dá cabo de ti, não dormes à noite.”
Não acredito que neste momento, um miúdo que transite da equipa B do Marítimo para a equipa principal renda a cem por cento na baliza. Só pela questão da parte emocional, esta tem de ser muito trabalhada. Foi a parte que mais trabalhei, com pessoas da área, como psicólogos e mental coach, que me ajudaram a tirar este “fantasma” da cabeça, que era estar num jogo.
O jogador que chegou ao emblema do Almirante Reis no início da temporada que agora findou, defende que nem todas as pessoas conseguem entender que um guardião pode mudar o rumo de um jogo, bem como dar e retirar rapidamente a confiança de uma equipa.
“Por exemplo, aqui nos Barreiros, às vezes vejo-me pressionado um pouco mais, quando na sequência de um canto estou posicionado para lá do meio-campo. Os adeptos começam a dizer para ir para a baliza. Esse é um pensamento um pouco antigo. Estou ali não porque quero que me façam um chapéu e dê golo, mas sim para não permitir um contra-ataque da equipa adversária, bem como para poder jogar na profundidade e tirar várias bolas. Desta forma, posso impedir lances de um para um, onde o avançado tem uma vantagem muito grande sobre o guarda-redes, por isso é que adaptamos este tipo de posicionamento”, referiu.
O camisola 99, número escolhido em homenagem ao seu ídolo Vítor Baía, acredita que o trabalho de guarda-redes deve ser encarado com seriedade desde a formação.
Segundo Gonçalo Tabuaço, “o Marítimo tem todas as capacidades de começar a formar guarda-redes desde jovens, para que não precise de contratar nenhum para a equipa principal.”
Saiba que ferramentas utilizou o guarda-redes maritimista para lidar com a pressão, quais as principais dificuldades técnicas da posição e que mensagem deixou aos jovens que ambicionam ocupar um lugar na baliza e aos adeptos de futebol que são mais mordazes nas críticas ao “último homem a bater”.