![“Criar uma startup é agarrar num conjunto de pessoas, atirá-las de um precipício e dizer 'Construam um avião antes de chegarem ao chão'”](https://homepagept.web.sapo.io/assets/img/blank.png)
Criada em 2016, a Sound Particles desenvolveu um software de som 3D que é usado em filmes oscarizados como Dune, Oppenheimer, Missão Impossível, Indiana Jones, Star Wars, Frozen. Com uma equipa de 20 pessoas, cinco das quais doutoradas, o próximo desafio é criar uma tecnologia que permita a todos ouvirem som 3D nos seus headphones.
Nuno Fonseca, fundador e presidente da empresa, graceja que é mais fácil descobrir a cura para o cancro, mas, com o mesmo espírito que em 2014 foi bater à porta dos maiores estúdios de som em Hollywood - “há alturas na vida em que temos de ser algo ingénuos, ou até convencidos" – não desarma. Se forem bem-sucedidos, “muda radicalmente o jogo”, porque “é aí que está a maior parte do dinheiro”.
De Leiria para Los Angeles
O segundo convidado do podcast Liga dos Inovadores é licenciado em engenharia electrotécnica, mestre em engenharia informática, doutorado em Computer Audio, e um grande apaixonado por música e cinema. E foi com um pé em cada uma das paixões que em 2012 começou a desenvolver um software que, dois anos depois estava a apresentar a vários estúdios em Hollywood e que, dois anos depois, daria lugar à criação da Sound Particles, empresa de Leiria da qual é sócio maioritário e fundador.
Na Liga dos Inovadores, Nuno Fonseca explica como conseguiu chegar aos grandes estúdios – “os americanos têm muitos defeitos, mas têm uma virtude: não são snobs” e estão dispostos a ouvir quem lhes bate à porta, e não nega um certo orgulho.
A aposta da empresa está, agora, na criação de um software que melhore a qualidade do som 3D em headphones. “A ideia é ter uma tecnologia que funcione com qualquer modelo de headphones. Mesmo que alguém tenha uns headphones de 5 euros, que a tecnologia funcione. O que nós fazemos é, no meio do processamento de sinal, antes de passar para os headphones passa pela nossa tecnologia que altera o som, de forma que as pessoas se sintam como se estivessem numa sala com 20 ou 30 colunas”. Com uma vantagem: “Com headphones consigo simular que estão a sussurrar-me ao ouvido”, um efeito que com colunas não é possível.
O ídolo? Walt Disney. “Foi visionário, absolutamente fantástico. Recebeu 30 recusas de financiamento e continuou. É preciso aquela quantidade certa de loucura. Há uma frase que adoro particularmente dele: “Gosto do impossível porque lá há menos concorrência”
“O projeto é extremamente complicado. Já houve mais de 100 doutoramentos nesta área e ainda ninguém conseguiu resolver o problema”, mas a equipa, de 20 pessoas, cinco das quais doutoradas, quer apresentar uma solução ainda este ano. “Estamos na reta final”, querem lançar a solução em 2025 e estão convencidos que tem uma qualidade superior a outras que existem no mercado, “inclusivamente de empresas como a Apple ou a Dolby”.
Se conseguir, “muda radicalmente o jogo. Se a empresa descolar, e der o salto de start-up para unicórnio, garante que prefere ficar em Leiria. “Gosto muito da qualidade de vida em Portugal. Já passei por aquela fase “ai, não mas nos EUA é que é… o facto de cada vez contactar mais com a realidade dos EUA mais acabo por gostar do nosso Portugal. Adoraria que continuássemos a crescer, mas continuar com a sede cá em Portugal”.
O líder que mais admira está no cinema. “Walt Disney foi um visionário absolutamente fantástico” não só na magia que trouxe aos mais pequenos, mas pelo contributo tecnológico. “Há muita tecnologia usada no cinema que teve origem na Disney, mesmo na área do som”. De Walt Disney guarda também uma frase, na qual se revê: “Gosto do impossível porque lá há menos concorrência”.
O podcast que nos conta o que de inovador e diferenciador está a ser feito pelas empresas em Portugal. Na “Liga dos Inovadores”, Elisabete Miranda e Pedro Lima conversam com gestores, diretores e profissionais que nos contam histórias que conquistaram o mercado e vão contribuindo para a transformação económica do país e da sua imagem. Falam-nos das vitórias que os trouxeram até aqui, mas também das ansiedades, dos concorrentes que invejam, dos gestores que admiram, dos profissionais que têm e dos perfis que precisam de contratar. Todas as semanas, às quartas-feiras.