Um jogo de futebol de formação regional, no escalão de Juniores, acabou por resultar em invasão de campo, pancadaria, muita confusão e, inclusive, a ameaça de um indivíduo de que iria usar um machado.

A situação ocorreu esta tarde no Campo do CF Andorinha, durante um jogo que opunha a equipa de Santo António e o CS Marítimo 'B', que também tem a sua formação um pouco mais abaixo, na mesma freguesia.

O jogo entre 'vizinhos', a contar para a Meia-Final da 'Taça de Platina' da Taça da Madeira da categoria, estava a decorrer renhido, segundo conta uma testemunha, e numa "jogada normal, numa jogada de futebol entre miúdos, há um jogador do Marítimo que faz uma entrada dura, o jogador do Andorinha reage" e, de repente, "um encarregado de educação, julgo ser a mãe do miúdo do Marítimo entra em campo para agredir o outro miúdo".

A partir daí, "foi uma confusão generalizada", refere. "O problema é que não havia polícia", refere. E, "naquele momento, há um indivíduo que está no público muito exaltado, sai e diz que vai buscar um machado", garante.

A situação, que não é caso raro (vide notícias anexas), só não piorou porque, garante a testemunha, foi importante a rápida acção dos responsáveis do Andorinha, que "mandaram fechar os portões do complexo desportivo para ele não entrar. Os ânimos estavam muito exaltados, estava muita gente e nenhum polícia", reforça.

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Refere ainda que "em muitos anos de campos de futebol, é das cenas mais lamentáveis que já vi na minha vida", atira. "Eu tenho mais de 30 anos de campos de futebol, portanto..." Garante estar "sem palavras para descrever" tudo o que se passou no jogo que não terminou. "Foi uma das coisas mais feias que já vi, não havia policiamento, não havia nada. Realmente as pessoas ali ficaram um bocado à mercê e perante a ameaça de um indivíduo que ameaçava trazer um machado", acrescenta, ainda incrédulo.

Evitada a possibilidade de a situação ficar ainda mais grave, a PSP foi chamada, tendo sido deslocada para o local uma equipa da Brigada de Intervenção Rápida (BIR), que logo começou a recolher testemunhos, acrescenta em conclusão.

Recorde-se que a lei (Portaria 298/2016 de 29 de Novembro) regula os serviços gratificados, que "são executados sob a forma de prestação de um serviço remunerado a polícias em horário de folga e de forma voluntária. "Nos termos da lei, este esforço adicional só pode ser feito de forma voluntária ou então de forma obrigatória por necessidade imperiosa de serviço, daí que seja feita uma avaliação prévia por parte da estrutura de Comando para cada serviço solicitado", explicava o Comando regional da PSP, em tempos, ao DIÁRIO.

"Foi esta análise que motivou, por exemplo, a decisão de retirar policiamento dos jogos das camadas jovens, os quais viemos a verificar não existir fundamento para a nomeação de polícias não voluntários para a execução destes serviços", frisava a nota, em resposta a questões colocadas. "Ao invés temos outros serviços tais como os prestados a eventos desportivos como os Ralis ou eventos particulares como os cortejos do Carnaval e os típicos arraiais de Verão, nos quais estamos cientes de que iremos ter que nomear polícias não voluntários para a sua execução, pois sem estes, o evento não se poderá realizar", explicava.

Acresce a nota que "esta gestão entre a necessidade pública de serviço e o direito ao descanso do efetivo policial é uma tarefa diária exercida por parte da estrutura hierárquica do Comando. Continuaremos a avaliar todos os eventos, em parceria com as entidades responsáveis pela sua organização, para garantir este equilíbrio, o qual sabemos que nem sempre é possível, em prol do bem comum e do serviço policial prestado à população".

Bem recente, há dois meses, a recém empossada direcção da Associação de Futebol da Madeira, que organiza esta e outras provas da formação, reuniu com a PSP e alinhou-se a perspectiva de manter os escalões de formação sem policiamento.

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