Os dois principais chefes da polícia e o ex-ministro da Defesa, Kim Yong-hyun, foram detidos pelo papel na breve imposição da lei marcial por parte do Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol na semana passada, anunciou esta quarta-feira a polícia.

As forças de segurança sul-coreanas disseram que o comissário-geral da agência de polícia sul-coreana, Cho Ji-ho, e o chefe da agência de polícia metropolitana de Seul, Kim Bong-sik, estavam detidos na esquadra de Namdaemun, na capital.

Os dois dirigentes policiais estão a ser investigados pelo papel no envio de forças policiais para a Assembleia Nacional, numa tentativa de impedir os deputados de entrar no parlamento para suspender a lei marcial, anunciada abruptamente na noite de 03 de dezembro

Ex-ministro da Defesa sul-coreano tentou suicídio

O ex-ministro da Defesa da Coreia do Sul Kim Yong-hyun tentou cometer suicídio e encontra-se em estado estável, disseram as autoridades de Seul.

O comissário-geral do Serviço Correcional da Coreia, Shin Yong-hae, disse aos deputados que Kim tentou matar-se num centro de detenção em Seul, pouco antes de ser formalmente detido.

Após a tentativa falhada de suicídio, Kim foi colocado numa cela especial e não corre perigo de vida, acrescentou Shin.

Os procuradores interrogaram Kim três vezes desde da detenção inicial, no domingo, depois de ter comparecido voluntariamente para responder na investigação.

O Tribunal Distrital Central de Seul tinha aprovado na quarta-feira um mandado de captura contra Kim, acusado de rebelião e abuso de poder.

A lei marcial, a primeira em mais de 40 anos, durou cerca de seis horas, mas desencadeou uma crise política e grandes protestos populares. O Presidente sul-coreano, Yoon Suk--Yeol, e aliados são estão alvo de investigações criminais e tentativas de destituição.

O Ministério da Justiça proibiu Yoon e oito pessoas de saírem do país, uma vez que as autoridades os consideram suspeitos no caso da lei marcial, sendo a primeira vez que um Presidente em exercício na Coreia do Sul é alvo de uma proibição de viajar.

Embora o Presidente tenha imunidade contra processos judiciais enquanto estiver em funções, tal não se estende a alegações de rebelião ou traição.

O ex-ministro da Defesa foi a primeira pessoa a ser detida no âmbito deste processo, tendo sido acusado de ter recomendado a lei marcial a Yoon e de ter enviado tropas para a Assembleia Nacional para impedir os deputados de a votarem.

Na terça-feira, Kim renunciou a uma audiência no tribunal, sobre a emissão do mandado, dizendo, através do advogado, que pedia desculpa por ter causado grande ansiedade e incómodo ao povo. Durante um interrogatório, Kim terá admitido que propôs a lei marcial a Yoon, mas afirmou não ser uma ação ilegal nem inconstitucional.

Os procuradores têm até 20 dias para decidir se acusam Kim ou não. A condenação por rebelião implica uma pena máxima de morte.

Polícia fez buscas no gabinete do Presidente da Coreia do Sul

Uma unidade especial de investigação da polícia da Coreia do Sul disse ter efetuado buscas na sede da polícia e no gabinete do Presidente.

"A equipa especial de investigação realizou uma busca no gabinete presidencial, na agência de polícia [sul-coreana], na agência de polícia metropolitana de Seul e no Departamento de Segurança da Assembleia Nacional", uma semana depois de Yoon Suk-yeol ter imposto a lei marcial no país, disse a unidade às agências de notícias.

As buscas foram anunciadas horas depois dos dois principais chefes da polícia terem sido detidos.

O anúncio surgiu horas antes de o principal partido da oposição, o liberal Partido Democrático, apresentar uma nova moção para destituir o conservador Yoon, que no sábado escapou por pouco a uma primeira tentativa.

O Partido Popular do Povo (PPP), no poder, boicotou e invalidou a votação por falta de quórum. Mais tarde, o partido disse que, em troca do bloqueio da moção, tinha obtido a promessa de que Yoon se ia retirar para deixar a governação ao PPP e ao primeiro-ministro.

A oposição, que acusou o PPP de um "segundo golpe" de Estado, vai tentar novamente destituir o Presidente a 14 de dezembro.

O Gabinete de Investigação de Corrupção de Altos Funcionários, conhecido como CIO indicou que vai solicitar a detenção e prisão de Yoon assim que estiverem reunidas as condições necessárias.

"Estamos a conduzir uma investigação completa e vamos analisar a questão da prisão", disse o presidente do CIO, Oh Dong-woon, durante uma reunião de uma comissão parlamentar, acrescentando que há procedimentos a seguir primeiro.

Com Lusa