O teletrabalho tornou-se uma ferramenta essencial durante a pandemia e, desde então, faz parte da vida de muitas pessoas por todo o mundo. Quem o pode dizer é o chefe da comissão de supervisão da polícia de Edmonton, no Canadá, que decidiu manter o emprego após mudar-se... para Portugal.
John McDougall pretende continuar a exercer o cargo de chefia em teletrabalho, a partir de Portugal, até o mandato terminar, a 31 de dezembro. Depois, quer permanecer no mesmo registo enquanto membro da comissão responsável pela supervisão e orçamento da polícia de Edmonton, já que foi escolhido para um mandato de três anos, que termina em 2026.
A viver em Portugal há duas semanas, o chefe da comissão revelou que não estão agendadas mais reuniões formais até ao final do ano e confessou que não tem “qualquer intenção” de se recandidatar ao cargo de chefe.
Numa carta publicada no site, John McDougall confirmou que tinha comunicado a situação ao Governo de Alberta, que diz ter "apoiado a decisão". Esclareceu ainda que estará disponível para regressar a Edmonton sempre que necessário e que não pretende receber salário pelo trabalho futuro.
Em entrevista à canadiana Global News, John McDougall disse acreditar que viver no estrangeiro não o impede de desempenhar o seu papel.
“Lá porque entrei num avião não significa que tenha cortado relações com a cidade. Vivi em Edmonton e em Alberta durante um tempo considerável. Levo isso comigo para onde quer que vá”, afirmou.
"Estou empenhado na cidade (e) estou empenhado em cumprir o meu mandato (...) O facto de estar geograficamente noutro local não significa que não esteja empenhado no trabalho.”
O mesmo não defende uma associação local de advogados, que considerou a situação “ridícula”.
Terminar um mandato em Portugal é “inaceitável”, defendeu Tom Engel, presidente do comité de policiamento da Associação de Advogados de Julgamentos Criminais, em declarações à emissora canadiana.
"Uma videochamada não substitui o estar lá pessoalmente. Estamos a lidar com cidadãos, agentes da polícia - há conversas a decorrer. Perde-se muito se não estivermos presentes (...) Como é que se mantém a par do que se passa em Edmonton? É ridículo, a sério.”
A última reunião em que esteve presente pessoalmente foi em novembro e há duas semanas que está a viver em Portugal. Este mês, já participou numa reunião, mas por videochamada.
John McDougall defendeu que não há qualquer diferente entre a sua situação ou estar em casa doente em teletrabalho. “Esta é a minha vida pessoal. Estou a seguir as regras. Não existe qualquer requisito de residência para ser nomeado pela cidade ou pela província.”
A Comissão da Polícia de Edmonton assegura a governação e supervisão da polícia da cidade. De acordo com o site oficial, não tem autoridade legal para supervisionar investigações ou operações policiais.
O regulador é responsável por realizar planos e orçamentos, escolher o chefe da polícia, estabelecer políticas na força, controlar queixas do público ou conduzir inquéritos sobre qualquer questão relativa ao serviço da polícia ou à atuação dos agentes.
Não se sabe os motivos que levaram John McDougall a mudar-se para Portugal, nem em que região do país vai viver. O certo é que será uma mudança radical pelo menos no que diz respeito ao clima: esta terça-feira, em Edmonton, as temperaturas vão oscilar entre os 21 graus negativos (máxima) e os 26 graus negativos (mínima).