
Um cão de acompanhamento de uma criança autista foi impedido de embarcar, por duas vezes, no último fim de semana, em voos da TAP. A companhia aérea portuguesa recusou-se a cumprir uma decisão judicial que autoriza o transporte do animal. Tudo aconteceu no Rio de Janeiro.
O primeiro voo, que deveria partir do aeroporto do Galeão, em direção a Portugal, acabou por ser cancelado, por causa da situação. O segundo voo foi atrasado e só partiu na madrugada deste domingo, de acordo com o portal de notícias da Globo.
Em causa está o transporte de Tedy, o animal de companhia de uma criança autista de 12 anos, que se encontra em Lisboa, onde o pai trabalha agora. A função do cão é ajudar a tranquilizar a criança, que tem crises de agressividade e ansiedade.
Tedy enquadra-se na categoria de "cão de serviço", na qual se incluem animais como os cães-guia das pessoas cegas, e os animais de terapia e de assistência emocial, que ajudam em situações de crises de ansiedade e na recuperação de doentes, por exemplo.
Há mais de um mês que cão é impedido de viajar
Os problemas começaram já a 8 de abril. Nessa altura, a família e o animal chegaram ao aeroporto para embarcar para Portugal. Na altura, a TAP recusou o embarque do cão. A família levou o caso à Justiça e, a 16 de maio, o juiz emitiu uma decisão judicial para autorizar o embarque do cão.
No entanto, este fim de semana, a companhia aérea portuguesa recusou-se a cumprir a ordem da Justiça.
Num comunicado enviado à SIC Notícias, a companhia aérea portuguesa afirma que a decisão se deve a questões de segurança e que a decisão judicial viola o manual de operações de voo da TAP. Alega também que o passageiro que ia viajar com o cão não era a pessoa que necessita do acompanhamento do animal – ou seja, a criança de 12 anos, que já se encontra em Portugal.
"Devido a uma ordem judicial de autoridades brasileiras, que violaria o Manual de Operações de Voo da TAP Air Portugal, aprovado pelas autoridades competentes portuguesas, e que colocaria em risco a segurança a bordo, lamentamos informar que fomos obrigados a cancelar o voo TP74", declara a TAP.
Segurança em risco? "Nem por ordem judicial”
A TAP sugeriu, como alternativa que o animal fosse transportado juntamente com a bagagem, mas a família recusou, insistindo que o cão viajasse acompanhando outro membro da família.
"A pessoa que necessita de acompanhamento do referido animal não realizaria a viagem neste voo de hoje. Sendo o animal acompanhado por passageira que não necessita do referido serviço", frisa a TAP.
A companhia aérea diz lamentar a situação, mas sublinha que "jamais" irá por "em risco a segurança" de passageiros e tripulantes. "Nem mesmo por ordem judicial."
Entretanto, a decisão da empresa de cancelar um voo e atrasar outro, por causa desta situação, terá provocado tensão e hostilidade entre outros passageiros.
“Os demais passageiros lesados com a situação estavam nos assediando com fotos e comentários ofensivos", disse à Globo a família, que vai tentar uma nova ação judicial esta segunda-feira.
[Notícia atualizada às 17h44]