A coordenadora do BE defendeu hoje a necessidade de alargar a tarifa social da água e propôs a existência de um mínimo garantido de eletricidade para quem tem rendimentos mais baixos, numa visita ao bairro de Aldoar, no Porto.

"A Tarifa Social da Água pode ser alargada, assim como os consumos de eletricidade. Devia haver um básico que todas as pessoas tenham de acesso à eletricidade, para que ninguém tenha que viver sem luz ou a morrer de frio no inverno", advogou Mariana Mortágua, que falava aos jornalistas à margem de uma ação de campanha para as legislativas antecipadas de dia 18, num bairro onde muitos moradores não têm acesso a água ou eletricidade.

No seu programa eleitoral, os bloquistas defendem várias medidas como a descida do IVA da eletricidade para 6%, a uniformização dos critérios de elegibilidade para acesso à tarifa social do gás natural com a tarifa da eletricidade, e o fornecimento gratuito de 5 KWh/dia às pessoas beneficiárias da tarifa social nos três meses de inverno, cujo custo orçamental estimam que seja de 30 milhões de euros.

"Quantos idosos é que contam os minutos de aquecedor e de aquecimento que têm em casa, porque não conseguem pagar a conta da luz ao fim do mês?", questionou.

Contudo, Mortágua frisou que esta é apenas uma "medida paliativa", argumentando que a principal será o aumento geral dos salários.

"É subindo os salários hoje que nós conseguimos garantir melhores reformas amanhã, é subindo as pensões que nós conseguimos garantir uma vida digna a todas as pessoas que trabalharam tantos anos, e é por isso que esta campanha é sobre os salários, é sobre quem ganha mil euros, que é a maior parte da população portuguesa, é sobre quem trabalha e ainda é pobre, é sobre o preço das casas, é sobre quem trabalha por turnos, é sobre o país que é real e que faz a economia andar para a frente", salientou.

Num dia dedicado ao norte do país, Mortágua foi acompanhada nesta visita pela cabeça-de-lista pelo distrito, a deputada Marisa Matias, e o número dois, Adriano Campos, bem como José Soeiro, que deixou o parlamento após mais de uma década como deputado, depois de ter sido colocado num concurso para lecionar no departamento de Sociologia da Faculdade de Letras do Porto.

À tarde, o BE vai organizar uma sessão com o cabeça-de-lista pelo distrito de Braga e histórico fundador do partido, Francisco Louçã, sobre taxar grandes fortunas, e Mariana Mortágua afirmou que este plano de campanha não foi por acaso.

"Achamos que há uma ligação. Num país em que tanta gente é pobre e tanta gente trabalha para conseguir pouco mais de mil euros, há muita gente a acumular fortunas milionárias porque o preço das casas sobe, porque o preço da eletricidade sobe, porque o preço dos bens do supermercado sobe e nós queremos falar sobre este país de desigualdades e mostrar que subir salários, subir pensões, respeitar o trabalho por turnos também é pedir um pequeno contributo a quem tem mais para poder investir naquilo que é de todos", argumentou.

Interrogada sobre algumas sondagens, que não têm sido favoráveis ao BE, Mariana Mortágua respondeu que "há sondagens para todos os gostos".

"Já percebemos ao longo das últimas eleições que as sondagens não são de confiança, elas mostraram aliás nas últimas eleições não dar sinais muito fiáveis sobre os resultados eleitorais. Mais do que as sondagens importa-nos a mensagem que queremos trazer nesta campanha", sublinhou.

A líder do BE assegurou que os deputados eleitos pelo partido vão defender aumento de salários, direitos de trabalhadores por turnos, ou medidas para baixar os preços das casas -- como o teto às rendas.

"Porque o parlamento já tem muita gente, muita gente que se esforça muito a batalhar por quem tem mais", rematou.

Nas últimas eleições legislativas, em março do ano passado, o BE elegeu cinco deputados, dois pelo distrito do Porto (Marisa Matias e José Soeiro).