
O número de mortos na sequência do terramoto que atingiu Myanmar na sexta-feira subiu para 1.644, enquanto 3.408 pessoas ficaram feridas, segundo o mais recente balanço da junta no poder.
Pelo menos 139 pessoas continuam desaparecidas na sequência do terramoto de magnitude 7,7, de acordo com um comunicado da equipa de informação da junta, divulgado através do canal de rádio e televisão oficial.
Um balanço anterior apontava para 1.007 mortos e 2.389 feridos.
A maioria das vítimas foi registada na região de Mandalay (a segunda maior cidade do país), considerada a mais afetada com o sismo, ocorrido às 12:50 locais (06:20 de Lisboa) de sexta-feira, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS).
Mas, com as comunicações danificadas, a dimensão da catástrofe é ainda difícil de avaliar e o número de vítimas poderá aumentar consideravelmente.
A junta no poder estimou que o sismo destruiu mais de 2.600 edifícios.
De acordo com geólogos norte-americanos, há décadas que nenhum terramoto desta intensidade atingia a Birmânia.
O Comité Internacional da Cruz Vermelha advertiu hoje que a situação em Myanmar (antiga Birmânia) continua crítica 24 horas após o terramoto, especialmente nas zonas de Sagaing, Mandalay e na capital, Naipidau.
As comunicações e as redes elétricas ainda não funcionam em várias partes do país e a mobilização internacional só começou há poucas horas, num país devastado por anos de guerra civil após um golpe militar em 2021.
O chefe da junta, Min Aung Hlaing, lançou um raro apelo à ajuda internacional, convidando "qualquer país, qualquer organização" a prestar auxílio. No passado, os militares têm-se mostrado relutantes em pedir este tipo de apoio ao estrangeiro.
As autoridades birmanesas declararam o estado de emergência nas seis regiões mais afetadas: Sagaing, Mandalay, Magway, Shan, Naipidau e Bago.
Num hospital da capital, centenas de feridos estavam a ser tratados no exterior devido aos danos no edifício, segundo jornalistas da agência France-Presse (AFP).
A União Europeia anunciou uma ajuda de 2,5 milhões de euros para as pessoas afetadas pelo sismo, enquanto a China declarou ter enviado 82 equipas de salvamento e prometeu 13,8 milhões de dólares (cerca de 12,7 milhões de euros) de ajuda humanitária de emergência.
Um avião carregado com kits de higiene, cobertores, alimentos e outros bens essenciais aterrou hoje em Rangum, vindo da Índia.
A Coreia do Sul, a Malásia e a Organização Mundial de Saúde (OMS) também anunciaram a sua ajuda.
"Vamos ajudá-los [...]. É terrível o que está a acontecer", afirmou o Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, na sexta-feira.
O rei britânico, Carlos III, e o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, enviaram as suas condolências, enquanto o Presidente chinês, Xi Jinping, transmitiu uma mensagem de "profundo pesar" ao líder da junta.
As agências humanitárias alertaram para o facto de Myanmar não estar totalmente preparado para uma catástrofe desta dimensão.
De acordo com as Nações Unidas, o conflito em curso deslocou cerca de 3,5 milhões de pessoas e, no final de janeiro, 15 milhões de birmaneses arriscavam-se a passar fome até 2025, mesmo antes do terramoto.
O abalo também se fez sentir na capital da Tailândia, a 1.000 quilómetros do epicentro.
Em Banguecoque, pelo menos uma dúzia de pessoas morreram, oito das quais no desabamento de um arranha-céus que soterrou dezenas de trabalhadores da construção civil, com as equipas de salvamento a trabalhar durante toda a noite para procurar sobreviventes nos escombros.
A cidade de Banguecoque ordenou o envio de mais de uma centena de especialistas para verificar a segurança dos edifícios, depois de ter recebido mais de 2.000 relatórios de danos.