
Os ataques norte-americanos contra os Houthis no Iémen fizeram pelo menos 31 mortos e 101 feridos, anunciou este domingo o Ministério da Saúde dos rebeldes.
Os ataques tiveram como alvo a capital Saná, as províncias de Saada (noroeste) e Al-Bayda (centro), além da cidade de Radaa (centro), escreveu o porta-voz do ministério Anis Al-Asbahi, na rede social X, referindo a existência de crianças entre as vítimas mortais.
A estação de televisão dos rebeldes Al-Massirah anunciou, no sábado à noite, que um "ataque americano-britânico" atingiu a área de Shououb, no norte da capital Saná, bem como Saada, um reduto rebelde no norte do Iémen. Londres não anunciou qualquer ataque.
Já o Presidente dos Estados Unidos anunciou uma "ação militar decisiva e poderosa" contra os Huthis no Iémen, prometendo "o inferno" aos "terroristas Houthis", na sequência das ameaças contra o comércio marítimo e contra Israel.
"Usaremos uma força letal esmagadora até atingirmos o nosso objetivo. Os vossos ataques têm de parar a partir de hoje."
Ataques "não ficarão sem resposta"
Os Houthis, que controlam grande parte do Iémen devastado pela guerra, incluindo a capital Sanaa, avisaram que os ataques de sábado dos Estados Unidos "não ficarão sem resposta".
"As nossas forças armadas estão prontas para responder a uma escalada com uma escalada", advertiu o gabinete político dos rebeldes, classificados pelos Estados Unidos como uma "organização terrorista estrangeira".
Segundo o Ministério da Saúde do movimento rebelde iemenita, os ataques visaram Sanaa, bem como as províncias de Saada (norte) e a cidade de Radaa, na província de Al-Bayda (centro).
Pelo menos 31 pessoas morreram e 101 ficaram feridas, "maioritariamente crianças e mulheres", disse o porta-voz do ministério, Anis Al-Asbahi.
Houthis realizaram vários ataques contra Israel e navios com ligações a Telavive
Os Houthis fazem parte daquilo que o Irão considera ser o "eixo de resistência" a Israel, que inclui também o movimento islamita palestiniano Hamas, o Hezbollah libanês e várias fações iraquianas.
O movimento rebelde realizou vários ataques com mísseis contra Israel e navios acusados de ligações a Telavive, alegando estar a agir em solidariedade com os palestinianos, após o início da guerra na Faixa de Gaza, desencadeada por um ataque do Hamas a Israel a 7 de outubro de 2023.
Na sequência da entrada em vigor, a 19 de janeiro, de uma frágil trégua em Gaza, após 15 meses de guerra destrutiva, os Houthis cessaram os seus ataques.
No entanto, a 11 deste mês, os Houthis anunciaram a intenção de retomar os ataques ao largo da costa do Iémen contra navios mercantes que acreditam estar ligados a Israel, depois de este país ter recusado a entrega de ajuda humanitária a Gaza.
Trump também deixa aviso ao Irão
Nas declarações de Donald Trump na rede social Truth Social, o chefe de Estado também avisou o Irão para deixar de apoiar os rebeldes.
"Não ameacem o povo norte-americano, o seu Presidente (...) ou as rotas marítimas do mundo. E se o fizerem, tenham cuidado, porque a América vai atribuir-vos toda a responsabilidade e não vos faremos nenhum favor".
Estes foram os primeiros ataques dos Estados Unidos contra os Houthis desde que Trump tomou posse, a 20 de janeiro deste ano.
Irão avisa que retaliará contra qualquer ataque
O Irão vai retaliar contra qualquer ataque, avisou este domingo o chefe dos Guardas da Revolução, o exército ideológico do país, depois da amaça do Presidente norte-americano.
"O Irão não procura a guerra, mas se alguém o ameaçar, dará respostas adequadas, resolutas e definitivas" a qualquer ataque, garantiu o general Hossein Salami à televisão estatal.
Horas antes, o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, afirmou que os Estados Unidos "não têm direito de ditar" a política externa do Irão.
"O Governo norte-americano não tem autoridade nem direito de ditar a política externa do Irão", escreveu Abbas Araghchi na rede social X, apelando ao "fim da matança do povo iemenita".
Houthis alegam estar a agir em solidariedade com os palestinianos em Gaza
Os Houthis efetuaram desde novembro de 2023 ataques ao largo da costa do Iémen contra navios que acreditam estar ligados a Israel, mas também aos Estados Unidos e ao Reino Unido.
Alegam estar a agir em solidariedade com os palestinianos em Gaza, onde uma guerra de 15 meses entre o Hamas e Israel foi desencadeada por um ataque sem precedentes do movimento islamista palestiniano em solo israelita, em 7 de outubro de 2023.
Os ataques a navios perturbaram o tráfego no mar Vermelho e no golfo de Aden, uma zona marítima essencial para o comércio mundial, levando os Estados Unidos a criar uma coligação naval multinacional e a atacar alvos rebeldes no Iémen, por vezes com a ajuda do Reino Unido.
De acordo com o porta-voz do Pentágono Sean Parnell, os Houthis "atacaram 174 vezes navios de guerra norte-americanos e 145 vezes navios comerciais desde 2023".
No início de março, os Estados Unidos classificaram os Houthis como uma "organização terrorista estrangeira", após Trump ter assinado uma ordem executiva.
- Com Lusa