
No início foi assim: Donald Trump declarou que o acordo sobre a exploração dos recursos minerais da Ucrânia seria assinado durante a conferência de Imprensa que se seguiria ao encontro com Zelensky, na Casa Branca, depois de ter elogiado as tropas ucranianas “incrivelmente corajosas”, que mereciam “grande crédito” por terem resistido à agressão russa durante três anos.
Foi o primeiro acto.
Acto I
O Presidente dos Estados Unidos qualificou depois o acordo sobre os recursos da Ucrânia como “muito justo” e sublinhou a respetiva importância para uso militar e inteligência artificial, além de ter mencionado, do seu ponto de vista, qual o principal sentido do entendimento: “Vocês não vão voltar a lutar”.
Falando do seu papel nas negociações, Trump afirmou que era “pelos dois, pela Ucrânia e pela Rússia”. “Quero que isto se resolva”, assegurou, dizendo a Zelensky que se considerava um “árbitro” e “mediador” entre a Rússia e a Ucrânia para alcançar a paz.
“Estou aqui como árbitro, como mediador, até certo ponto, entre dois lados que têm sido muito hostis”, disse Trump em declarações a repórteres no Salão Oval da Casa Branca.
Esperava-se que os dois líderes assinassem um acordo sobre a exploração de minerais estratégicos da Ucrânia e discutissem possíveis garantias de segurança para a Ucrânia quando a guerra com a Rússia terminasse.
Por sua vez, Zelensky admitiu que o acordo económico que planeava assinar com Washington era um primeiro passo para obter “verdadeiras garantias de segurança” para o seu país. “Espero que este documento, este primeiro documento, seja o primeiro passo em direção a garantias reais de segurança para a Ucrânia. E, claro, pedimos que os Estados Unidos continuem a fornecer apoio. É realmente muito importante para nós”, disse Zelensky ao seu homólogo norte-americano, no início da reunião entre ambos no Salão Oval.
Depois, a coisa aqueceu.
Acto II
“Acho muito importante dizer essas palavras a Putin desde o começo, porque ele é um assassino e um terrorista, mas espero que juntos possamos detê-lo. É muito importante para nós salvar o nosso país, os nossos valores, a nossa liberdade e democracia. E, claro, sem concessões”, enfatizou Zelensky.
O chefe de Estado norte-americano, por sua vez, disse confiar na palavra de Vladimir Putin, com quem conversou em 12 de fevereiro para discutir um possível caminho para a paz, em contraste com Zelensky, que reiterou que não confia no líder russo.
“Falei com o Presidente Putin, conheço-o há muito tempo e acredito firmemente que estão muito comprometidos com isso”, argumentou. “Não estou alinhado com ninguém. Estou alinhado com os Estados Unidos da América e com o bem do mundo”, afirmou Trump, exortando Zelensky a que lhe esteja “grato”, acusando de “apostar na Terceira Guerra Mundial”.
Presente na conferência de imprensa, a embaixadora da Ucrânia meteu a mão na cabeça.
Acto III
A tensão subiu após 30 minutos de declarações à imprensa no Salão Oval da Casa Branca, quando o Presidente norte-americano disse que Zelensky não estava em posição de ditar condições relacionadas à guerra. E foi num tom da voz mais elevado, conforme relataram os jornalistas no local, que Trump disse que seria “muito difícil” negociar com Zelensky.
O presidente da Ucrânia saiu então mais cedo da conferência imprensa na Casa Branca, com esta a ser cancelada. Zelensky tinha sido acusado pelo presidente dos EUA de estar a ser “desrespeitoso”.
Donald Trump avançou que não iria continuar as negociações com o seu homólogo ucraniano após uma tensa conversa na Casa Branca. Disse a Volodymyr Zelensky que poderá regressar a Washington quando “estiver pronto para a paz”. Uma declaração que revela que o presidente ucraniano foi convidado a sair.
“Tivemos uma reunião muito significativa na Casa Branca hoje. [...] É incrível o que sai através da emoção, e eu determinei que o Presidente Zelensky não está pronto para a paz se a América estiver envolvida, porque ele sente que o nosso envolvimento lhe dá uma grande vantagem nas negociações”, escreveu Trump na rede social Truth Social. “Ele desrespeitou os Estados Unidos da América no seu querido Salão Oval. Ele pode voltar quando estiver pronto para a paz”, concluiu.