O Natal é uma festa cristã que celebra o nascimento de Jesus. No entanto, terá aquele que para o Cristianismo é o "enviado de Deus", nascido com toda a certeza a 25 de Dezembro?

"Nós não temos dados históricos que nos permitam afirmar que Jesus nasceu no dia 25 de Dezembro", explica o Padre David Palatino, doutorado em Teologia.

A data tem sido mantida ao longo dos anos fruto da tradição.

"Este nascimento foi compreendido desde a primeira hora pelo próprio Cristianismo como sendo o momento do renascimento da própria humanidade. Foi sempre visto como um grande laboratório da paz: glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens por Ele amados", sublinha D. Rui Valério, Patriarca de Lisboa.

Não havendo certeza sobre a dia do nascimento, como se chegou ao 25 de dezembro?

"Nesta data, o 25 de Dezembro em contexto romano celebrava-se a festa ao Deus Sol, era o Natalis Solis Invicti . Para não levar os cristãos a deixarem-se levar um bocadinho por esta paganização cristianizou-se uma festa já existente. Nós reconhecemos Jesus como o sol e então cristianizamos esta festa para os cristãos celebrarem o nascimento de Jesus", começa por referir o Padre David Palatino.

Vários fatores terão contribuído e estudos sobre a Bíblia deram também algumas indicações.

É-nos explicado, pelo Padre David Palatino, que foi proposto "o equinócio do Outono como o momento da conceção de João Baptista e como nós sabemos, pelo evangelista Lucas, que João Baptista foi concebido seis meses antes de Jesus fez-se esse salto do equinócio de Outono para o equinócio da Primavera. Coincidiria com o 25 de Março, a Anunciação do Senhor. Nove meses depois o 25 de Dezembro, que coincide com o solstício de Inverno, os dias são maiores."

Os cristãos acreditam que Jesus vem iluminar o mundo. Para o Patriarca de Lisboa, paz e solidariedade estão entre os principais valores que esta época pretende transmitir há mais de dois mil anos.

"A o longo da história um dos principais desafios que têm sido colocados ao ser humano é viver em paz com o seu semelhante, com o seu próximo, é ser portanto um construtor de pontes, não de muros. Naturalmente que depois também se escancarou as portas para a solidariedade, para a partilha, para a dádiva. A principal dádiva à Humanidade é o próprio Jesus, ele é a prenda, é o presente por excelência e eu creio que o hábito ou costume ou a tradição que depois surgiu a partir daí é precisamente para nos dizer que a vida é uma dádiva. Nós costumamos dizer: Natal é todos os dias - dádiva é todos os dias", aponta D. Rui Valério.

Reforça ainda que em muitos pontos espalhados pelo mundo "ainda é noite e é noite exatamente pelo modo como o Homem está a atropelar o Homem, o Ser Humano está a ser descartado, muros estão a ser erguidos, muros de divisão, de incompreensão, de tolerância".

Não obstante, para o líder da Diocese de Lisboa"esta beleza e este encanto que o menino de Belém nos sugere acerca da vulnerabilidade, acerca da pobreza é fascinante não porque seja um bem em si, mas é fascinante porque é uma alavanca que nos remete imediatamente para a vulnerabilidade entre nós, aquela vulnerabilidade de alguém".

Data do nascimento de Jesus pode estar errada

A data - 25 de Dezembro - ficou fechada com um provável erro no ano. O recenseamento descrito na Bíblia em que Jesus foi registado depois de nascer, não terá acontecido no Ano 0, mas sim no Ano 6 antes de Cristo (a.C).

Nos últimos Censos, em 2021, mais de sete milhões de pessoas a viver em Portugal disseram ser cristãs.