A carência de recursos humanos especializados, o atraso na requalificação dos hospitais e unidades de Saúde Familiar e melhoria de equipamentos médicos faz com que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) esteja em Estado de Emergência. O trabalho de proximidade, com o envolvimento de todos os políticos responsáveis no governo local, desde os presidentes de Junta aos presidentes de Câmara, no combate à iliteracia para a saúde, na sensibilização e na informação acerca de como usar o SNS, deve ser o primeiro passo para minorar os problemas.

O empenho dos conselhos de administração, a proximidade aos profissionais, aos serviços na resposta adequada e assertiva, no tempo exigido, e a comunicação ao ministério dos problemas vivenciados, sem receio do seu lugar ser posto em causa, é fundamental para retiramos o SNS da situação atual. Como enfermeiro, trabalhei entre 2015 e 2020 na linha SNS 24, e conheço a realidade. Grande parte das chamadas atendidas são de utentes que não têm necessidade de sair de sua casa para se deslocar a um posto de Saúde. O que necessitam é de autocuidados e de ensinamentos.

Havendo organização, informação, comunicação e proximidade, ajudamos em muito na resposta que o SNS precisa de dar àqueles que verdadeiramente necessitam de cuidados urgentes. Há que saber gerir os poucos recursos humanos que existem. Um médico especializado não se forma de um dia para o outro; um enfermeiro ou outro técnico tem um longo período de formação.

O sucesso passa também por dar mais autonomia aos enfermeiros especialistas. Sabendo da carência que existe de médicos especialistas para dar resposta às necessidades do SNS, falo, por exemplo, do enfermeiro especialista em Saúde Materna e Obstetrícia, que é responsável pelo parto de uma gravidez normal. A sua maior autonomia libertará recursos e ajudará na resposta global a dar. E isto aplica-se à generalidade dos serviços hospitalares.

Requalificar os nossos hospitais, construir novos em locais estratégicos, valorizar e respeitar os profissionais, é melhorar o SNS, é dar vida aos profissionais, é dar vida aos utentes, é dar vida ao SNS. Urge acabar com a situação atual. Para isso é fundamental conhecer os problemas, acabar com os lóbis e defender verdadeiramente a saúde de todos.

O SNS exige o empenho e a dedicação de todos que têm responsabilidades políticas. Ou como dizia António Arnaut: "A necessidade de sobrevivência é o pão da fraternidade. O futuro é uma construção coletiva".

Presidente do PS Famalicão