Não podemos ignorar o âmago de “Rick e Morty”: a relação entre um avô ferido por ter perdido a mulher e a filha e um neto que só quer a sua aprovação
Não podemos ignorar o âmago de “Rick e Morty”: a relação entre um avô ferido por ter perdido a mulher e a filha e um neto que só quer a sua aprovação Expresso

Há muitas questões por responder nos dias de hoje. O papel tradicional do homem é um deles. Nuno Markl tem cabelos brancos, uma figura desengonçada que se tornou referência no humor português graças a programas como o “O Homem Que Mordeu o Cão”’, que é, ainda hoje, um dos mais ouvidos da rádio. Conta também com milhares de seguidores, um programa que é sucesso de audiências na RTP, “Taskmaster”, e centenas de publicações de Instagram sobre cultura pop, do cinema à banda desenhada. Em mais um episódio de “No Último Episódio”, foi o convidado ideal para falar de um assunto que parece, segundo as más línguas, não ser para o seu género e faixa etária: a série de animação “Rick and Morty”, disponível na HBO Max.

Nuno Markl no podcast 'No Último Episódio'
Nuno Markl no podcast 'No Último Episódio' José Fonseca Fernandes

A série que nasceu em 2013, criada por Dan Harmon e Justin Roiland, produzida pela Adult Swim, conta a história de um avô cientista completamente louco, que parte para várias aventuras ainda mais loucas com o seu neto medroso. Aliens, arrotos, álcool, figuras de outra dimensão e um multiverso de Ricks e Mortys, tornaram este projecto num sucesso premiado, com milhares de fãs e muita discussão sem filtro. “Mesmo um episódio fraco desta série é melhor do que muitos outros. São herdeiros de ‘Sopranos’, de uma televisão sem herdeiros, que junta arrotos e filosofia”, conta Nuno Markl.
O comediante é seguidor do trabalho de Dan Harmon, mente por detrás das série de culto “Community”, e considera que o argumentista consegue olhar para o mais profundo da essência humana sem esquecer a comédia que existe nos pequenos detalhes da vida. Só que em “Rick and Morty”, aquilo que parece pequeno, descontrola-se. “Basta pensar no famoso episódio do Pickle Rick [terceiro episódio da terceira temporada, que se transformou num verdadeiro tratado sobre a vida”, revela o radialista.

Nuno Markl no podcast 'No Último Episódio'
Nuno Markl no podcast 'No Último Episódio' José Fonseca Fernandes

Markl não esquece as polémicas à volta da série, que afastaram Justin Roiland do projecto, nem tão pouco o exército de fervorosos fãs capazes de lançar desacatos por causa de molhos (melhor ouvir para perceber). Mas acredita que “Rick and Morty” não pode controlar essa conversa de redes sociais e muito menos vir a ser cancelada. “Não, não acredito. A série não é racista nem xenófoba. Todos nós temos um lado pior e é de isso que vai à procura”, diz.

José Paiva e Nuno Markl no podcast 'No Último Episódio'
José Paiva e Nuno Markl no podcast 'No Último Episódio' José Fonseca Fernandes

Igualmente fã de outras séries de animação como “South Park”, Nuno Markl gostaria de ver Portugal a criar projectos destes. Mas para isso é preciso dinheiro e ter uma indústria. Para já, deixa uma nota: “ainda vibramos muito com a Eurovisao. Não senti uma comoção enorme com a caminhada do filme ‘Ice Merchants’, realizado pelo João Gonzalez e produzido pelo Bruno Caetano, rumo aos Óscares”, argumenta.

Tiago Pereira Santos com José Fernandes

Quantas vezes já quis saber mais sobre “aquele” último episódio? Encontrar respostas que criam mais perguntas e só o deixam a pensar quando é que estreia o próximo capítulo?

Em “No Último Episódio”, Filipa Amaro e José Paiva não trazem garantia nenhuma de tranquilizar os fãs de séries. Vêm para se juntar à festa.

Trazem histórias de bastidores, críticas do público vs críticas dos críticos e análises de cenas.

Tudo isto num podcast que se vai dedicar à melhor televisão internacional de 2025.

‘No Último Episódio’ vai para o ar todas as sextas-feiras no Expresso e em todas as plataformas de podcast.

O primeiro episódio será publicado a 25 de abril. Oiça aqui o trailer.