
Faz parte do calendário desde 1906. As Festas Gualterianas começaram por ser feiras francas celebradas em honra de São Gualter, realizando-se em Guimarães, sempre no primeiro fim de semana de agosto. Hoje é um dos principais acontecimentos da cidade, que espera cerca de meio milhão de visitantes ao longo da iniciativa, grande atração em toda a região norte, que decorre entre 25 de julho e 4 de agosto.
Com um programa vasto e diversificado e já com os olhos em Guimarães Capital Verde Europeia 2026, destacam-se, pela “tradição e espetacularidade”, o Cortejo do Linho, a Marcha Gualteriana e a Batalha de Flores (dia 2 de agosto), que regressa este ano e promete ser memorável.
A programação inclui a realização da habitual Feira de Artesanato de Guimarães, a começar já a 25 de julho, para além de vários concertos, animação de rua com grupos de bombos. Há Feira de Gado e Concurso Pecuário, Festival Internacional de Folclore, noites de fado e animação com DJ, arruadas e encontro de tocadores de concertina, desfile de charretes antigas, a “majestosa procissão” em Honra de São Gualter, que começa na Fonte Santa, em Urgezes, entre muitas outras atividades, “encerrando sempre, em beleza, com a Marcha Gualteriana”.
Este ano, o largo do Toural volta a ser palco de vários concertos, com destaque para António Zambujo, Carolina Deslandes e Agir. Pode consultar o programa completo na página da Câmara Municipal de Guimarães.
Roteiro (breve) de descoberta
Visitar Guimarães é mergulhar na História de Portugal, com paragem obrigatória no Castelo e no Paço dos Duques, classificados como Monumentos Nacionais e que ficam a uma curta distância do Parque do Monte Latito, onde está também a Igreja de São Miguel. O Paço dos Duques é hoje museu de arte decorativa e residência oficial do Presidente da República na região Norte. “No percurso interpretativo podemos ver a formação de Portugal, as primeiras dinastias e também uma parte muito interessante sobre a expansão urbana de Guimarães”, assinala António José Oliveira, vimaranense e historiador de arte.
O Paço dos Duques está parcialmente encerrado para restauro, mas ainda pode ser visitado. Adquira o bilhete conjunto, visite a sala de banquetes, com o teto em forma de barco invertido, conte as 39 lareiras e explore as muralhas, que será, para sempre, berço da nação. Por mais que o tempo passe, o castelo de Guimarães mantém-se firme na defesa de uma cidade histórica. Com uma torre de menagem e vários torreões, foi fundado no século X, pela condessa Mumadona Dias, para defender um mosteiro. Diz a tradição que esteve ligado à resistência e a batalhas pela fundação da nacionalidade, e poderá ter sido aqui que nasceu D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal.
Património da Humanidade
Classificado Património Mundial pela UNESCO em 2001, a malha urbana do Centro Histórico permite “uma descoberta permanente, de pequenas ruas e ruelas que levam às praças, largos e pequenos espaços de encontro”, descreve a arquiteta Alexandra Gesta, na página da autarquia. Destaca-se pela arquitetura das casas, mas também dos templos como a igreja de Nossa Senhora da Oliveira, no largo da Oliveira, e a basílica de São Pedro. A monumental igreja de Nossa Senhora da Consolação e Santos Passos é outra paragem obrigatória, com os jardins, a merecem um olhar atento e até uma fotografia.
Na área classificada referência ainda para o conjunto denominado como “Zona de Couros”, relativo à área de manufaturas de curtumes ao longo do Rio de Couros. Obrigatória é também a contemplação do bonito Palácio Vila Flor, edificado no século XVIII.
Cantarinha dos Namorados
Polo cultural de referência e fundamental na divulgação das artes e ofícios locais, A Oficina dispõe de uma loja de artesanato onde se continua a produzir a famosa Cantarinha dos Namorados. Antigamente, quando um rapaz queria pedir a namorada em casamento, oferecia-lhe primeiro uma Cantarinha das Prendas para formalizar a intenção. Era nela que se guardavam as prendas do noivo e dos pais da noiva. O uso perdeu-se, mas a tradição ficou.
Não deixe de visitar o Centro Internacional das Artes José de Guimarães - Plataforma das Artes, que acolhe exposições ao longo do ano, e de aproveitar a paixão da cidade pela cultura.
Subir ao Monte da Penha
Suba ao intrigante Monte da Penha. As viagens de teleférico, com partida da estação das Hortas, demoram menos de 10 minutos. A mais de 600 metros de altitude, deixe-se guiar pela imponência da natureza e explore a interessante rede de percursos pedestres, que o levam ao encontro de penedos com formas curiosas.
Junto ao Santuário da Penha há um miradouro com uma vista fabulosa. Visite as ermidas e as inúmeras grutas misteriosas. Aqui, encontra a Adega do Ermitão, local indicado para retemperar forças com petiscos e vinho verde.
Onde dormir em Guimarães
O Guia Boa Cama Boa Mesa 2025 recomenda cinco alojamentos no município de Guimarães:
A Pousada Mosteiro de Guimarães (Tel. 253511249) já funcionou como universidade e casa particular e transformou-se em alojamento graças ao projeto do arquiteto Fernando Távora. A história está presente nos 51 quartos e suítes (desde €80), distribuídos por duas alas, e nas áreas comuns – admire os claustros e os painéis de azulejos. No verão, explore os nove hectares de jardim, com roteiro botânico, mergulhe na piscina e desfrute da sobranceria do hotel sobre a cidade, com vistas privilegiadas. Já o Hotel da Oliveira (Tel. 253514157) oferece 20 quartos e suítes (a partir de €135), cada um com decoração única e dedicado a uma figura ou tradição histórica da cidade. Acolhedor e intimista, conta ainda com dois apartamentos, ideais para famílias, do outro lado da praça. O restaurante Hool, com consultoria do chef Vítor Matos, e a biblioteca anónima, onde os livros são colocados com a lombada para dentro, de forma que a leitura seja sempre uma surpresa, são dois destaques da unidade localizada no centro histórico.
No pulmão de Guimarães também se respira conforto, charme e elegância, a partir do alojamento The Grove Houses (Tel. 910212254), instalado na Casa da Penha, datada do início do século XX. Conte com nove acomodações (desde €90), distribuídas pela casa-mãe, com sala de pequenos-almoços e sala de leitura, onde se mantêm os traços de época, e a Casa do Jardineiro, mais moderna, em tons de verde. A experiência só fica completa depois de um passeio pelos quatro hectares de jardins românticos, com labirintos, recantos e árvores de interesse público. Fora da cidade, outro edifício histórico foi convertido ao turismo.
Classificada como Monumento de Interesse Municipal em 1982, a Casa de Sezim é um refúgio familiar, com oito quartos clássicos (desde €130). Destacam-se os imponentes papéis de parede franceses Zuber, do século XIX, pintados e decorados com paisagens e cenas oitocentistas. No exterior há 75 hectares de terreno para explorar: 32 plantados com vinha e os restantes com jardins. Nos dias quentes, tome o pequeno-almoço na varanda colonial e mergulhe na piscina. No inverno, escolha um livro da biblioteca e refugie-se à lareira.
O alojamento Vale de São Torcato (Tel. 253534008) define-se como um “local onde convivem história, costumes, tradições e Natureza exuberante…” e isso é apenas o levantar do véu: neste hotel rural junto à Basílica de São Torcato a arte também ocupa um papel de relevo. Pelos 14 alojamentos (a partir de €120) e áreas comuns há obras de artistas locais, como Pedro Guimarães e Dinis Ribeiro. No verão, usufrua da piscina exterior e do terraço; no inverno, refugie-se na sala de jogos, na piscina interior ou na sala de massagens.