
Ao desenvolver uma plataforma que permitirá operar agentes autónomos de IA em cenários militares, a multinacional espanhola de tecnologia e defesa, deu mais um passo estratégico com o objetivo de consolidar a sua posição como referência europeia em ciberdefesa.
A empresa está a liderar o desenvolvimento de uma infraestrutura avançada de gestão de agentes autónomos baseados em inteligência artificial (IA), capaz de transformar profundamente a forma como os exércitos da União Europeia operam no ciberespaço – o chamado “quinto domínio” do campo de batalha.
A nova solução da Indra é uma das peças centrais do projeto AIDA (Artificial Intelligence Deployable Agent), uma ambiciosa iniciativa financiada pelo Fundo Europeu de Defesa com um orçamento de 32 milhões de euros e que reúne 28 entidades de 15 países, entre empresas, startups e centros de investigação. O objetivo? Desenvolver uma nova geração de agentes inteligentes de ciberdefesa, capazes de operar de forma autónoma em ambientes militares complexos, reduzindo a intervenção humana e acelerando os ciclos de decisão em cenário de combate digital.
Plataforma central para uma guerra centrada na decisão
A Indra lidera o desenvolvimento da chamada “capacidade central” do projeto – uma plataforma tecnológica flexível e resiliente que permite configurar, treinar, implementar, monitorizar e recuperar estes agentes autónomos de IA. Esta infraestrutura garante a interoperabilidade com outros sistemas militares e assegura uma visão holística das operações, num modelo que se distancia da guerra centrada na rede para uma lógica de “guerra centrada na decisão”.
“Estamos a evoluir para uma guerra onde a superioridade reside na capacidade de decidir mais rápido e com maior eficácia. A IA, a automação e a aprendizagem contínua são os pilares desta nova realidade”, afirma Helder Alves, Diretor de Defesa e Segurança da Indra em Portugal.
Estes agentes serão capazes de detetar, analisar e responder de forma autónoma a ameaças cibernéticas em tempo real, apoiando diretamente funções críticas como comando e controlo, inteligência, manobra, proteção ou fogo. A visão de futuro da Indra passa pela criação de um cibermosaico de elementos distribuídos e colaborativos, integrados nas redes militares europeias, onde cada agente funciona como um nó autónomo, mas coordenado, da defesa digital.
O projeto AIDA constitui também o primeiro esforço estruturado da Europa para dar resposta ao conceito de Agente Autónomo de Ciberdefesa Inteligente (AICA), promovido pela NATO, que visa garantir uma ciberdefesa ativa, autónoma e inteligente. A plataforma da Indra, potenciada pela solução proprietária IndraMind – já aplicada em operações críticas e multidomínio –, será o núcleo operacional desta nova arquitetura.
Um dos marcos do projeto será a demonstração de uma operação militar real assistida por agentes autónomos de IA, coordenada a partir de Espanha, no âmbito do Sistema de Combate no Ciberespaço Espanhol (SCOMCE). Este exercício visa validar as vantagens operacionais do modelo distribuído e testará a integração da plataforma Indra com outras capacidades europeias de defesa digital.
Posicionamento estratégico e futuro europeu
Mais do que uma inovação tecnológica, o AIDA representa um trunfo geoestratégico para a Europa. A capacidade de gerar soluções soberanas de defesa no ciberespaço é vista como crítica num cenário global onde a dependência de tecnologias externas – especialmente de origem não europeia – levanta preocupações de segurança e autonomia operacional.
A Indra está a posicionar-se como coordenadora dos programas europeus de ciberespaço, em linha com o seu plano estratégico Leading the Future. A empresa já liderou o ECYSAP – a maior iniciativa de ciberconsciência situacional militar da Europa – e encontra-se atualmente à frente do projeto EU-GUARDIAN, que deverá receber as primeiras provas de conceito no final de 2025, com contributos técnicos diretos do AIDA.
Num mundo onde o domínio do ciberespaço pode ser decisivo para a vitória ou a derrota, a Indra está a preparar o terreno para uma nova era de operações militares: mais autónomas, mais rápidas, mais inteligentes. E, acima de tudo, mais europeias.