Um novo estudo da Produto do Ano traça o retrato de um consumidor cada vez mais digital, mas também mais exigente e cauteloso. A conveniência deixou de ser o único critério decisivo: a transparência, a segurança e a credibilidade das lojas e plataformas digitais são hoje fatores incontornáveis no processo de decisão de compra.

Segundo os dados agora revelados, 63% dos consumidores portugueses já abandonaram uma compra online por não confiarem na plataforma – um número que revela o peso da perceção de risco num ecossistema que, paradoxalmente, se afirma como dominante. A segurança dos dados pessoais e de pagamento é a principal preocupação para 41% dos inquiridos, seguida da qualidade do produto recebido (19%) e da confiança na loja (16%).

Ainda assim, o comércio eletrónico consolida-se como hábito regular: 39% dos consumidores realizam compras online mensalmente, 23% fazem-no quinzenalmente e 19% afirmam comprar todas as semanas. Apenas uma minoria residual (5%) recorre ao online diariamente.

Marketplace é rei, apps ainda tímidas

Os marketplaces, como Amazon, OLX, Aliexpress, Fnac ou Worten, continuam a liderar como canais de eleição para aceder a produtos e marcas tecnológicas, sendo a escolha de 45% dos consumidores. Seguem-se os sites oficiais das marcas (23%) e as pesquisas em motores de busca (14%). Já as apps móveis e os links diretos em redes sociais têm, para já, pouca expressão – 9% e 5%, respetivamente –, apesar do esforço crescente das marcas nesses canais.

Entre os produtos mais procurados no digital, destacam-se a moda e acessórios (22%), tecnologia e eletrónica (21%), livros e material de escritório (13%) e alimentação (10%). O setor da beleza e cuidado pessoal mantém-se relevante, embora com menor expressão.

No que toca aos métodos de pagamento, o MB Way lidera com 32% das preferências, seguido de perto pelo PayPal (26%) e pelos cartões bancários (21%). A tradicional referência Multibanco ainda representa 15%, enquanto o pagamento à cobrança se revela quase irrelevante (3%).

Com os preços a marcarem as tendências e a oferta cada vez mais ampla, a confiança emerge como o verdadeiro fator diferenciador. “Transformar visitas em compras e clientes ocasionais em consumidores fiéis depende, cada vez mais, de como as marcas gerem a experiência digital e o sentimento de segurança”, sublinha o relatório da Produto do Ano.

Com duas décadas de presença no mercado português e atuação em mais de 45 países, a organização reforça que a inovação e a proximidade com o consumidor são hoje critérios decisivos para o sucesso de um produto ou serviço. No online, onde a distância é a norma, é a perceção de confiança que encurta o caminho até ao carrinho de compras.

Num país em que o digital se afirma a par da prudência, as marcas que quiserem crescer terão de saber ouvir o novo consumidor português: mais informado, mais exigente e, acima de tudo, mais atento aos riscos do ecrã.