Apesar de sucessivos anúncios, nem o contrato que vai agora a aprovação, nem os documentos oficiais asseguram a execução desta obra vital. Em lado nenhum está o compromisso para construção da nova Barragem de Fagilde

O Presidente da Câmara Municipal de Viseu prepara-se para consumar o que parece ter sido o seu principal objetivo político: livrar-se da gestão da nossa Água.

Na próxima reunião do executivo, será proposta a adesão ao Sistema Multimunicipal de Abastecimento de Água do Sul do Grande Porto, gerido pelas Águas do Douro e Paiva (AdDP). Esta decisão compromete o futuro da gestão da água no concelho para os próximos 20 anos, sem garantir o que sempre foi prometido: a construção da nova Barragem de Fagilde.

Apesar de sucessivos anúncios, nem o contrato que vai agora a aprovação, nem os documentos oficiais asseguram a execução desta obra vital. Em lado nenhum está o compromisso.

“As Águas de Portugal procuram apenas expandir o negócio à região de Fagilde para vender água tratada no Douro e o que ficámos a saber é que a solução proposta não passa em momento nenhum pela construção de uma nova barragem de Fagilde”, alerta e lamenta o vereador João Azevedo para quem “são precisas dar respostas cabais” por parte da maioria social-democrata.

A solução proposta favorece, acima de tudo, os interesses económicos da Águas do Douro e Paiva, que pretende maximizar a venda de água excedentária, sem garantir a resiliência do sistema e sem assumir a responsabilidade pela construção da barragem.

De salientar que no Decreto-Lei n.° 82/2025 está considerada como competência da AdDP a construção da nova Barragem de Fagilde (tal como a ministra do Ambiente tinha para anunciar em dezembro do ano passado aquando da apresentação do projeto da Barragem), cuja estimativa orçamental é de aproximadamente 32 milhões de euros, que não inclui os custos de expropriações.

Não menos preocupante é o destino dos trabalhadores dos SMAS de Viseu, cuja posição fica fragilizada num cenário de integração, sem qualquer garantia de manutenção dos postos de trabalho.

Em resumo, a região perde a exclusividade do que é seu. Não há garantias de uma nova barragem em lado nenhum e o futuro de dezenas de trabalhadores está suspenso.