
O mês de julho inicia-se sob o signo do calor intenso, com temperaturas a atingirem valores anormalmente elevados no interior do país. Os distritos de Santarém e Évora estão sob alerta meteorológico, devido à persistência de tempo seco, céu limpo e máximas que rondam os 40 ºC. O IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera) emitiu avisos de calor extremo, reforçando a necessidade de adoção de medidas de precaução por parte da população.
Ribatejo (Santarém): Sol abrasador e aviso amarelo ativo
No distrito de Santarém, a manhã começou com temperaturas suaves, na ordem dos 19 ºC, mas o cenário mudou rapidamente à medida que o sol foi subindo no céu. Prevê-se que os termómetros alcancem os 36 ºC durante a tarde, sob céu totalmente limpo e ausência de vento significativo — um fator que intensifica a perceção térmica.
O IPMA mantém em vigor um aviso amarelo, válido até às 19h, devido ao risco de efeitos adversos para a saúde provocados pela exposição prolongada ao calor. Recomenda-se especial atenção a idosos, crianças, grávidas e pessoas com doenças crónicas, que representam os grupos mais vulneráveis aos impactos do calor extremo.
As autoridades apelam ainda à evicção de atividades ao ar livre nas horas de maior radiação solar, entre as 12h e as 17h, bem como à hidratação contínua e ao uso de roupa fresca e protetora.
Alentejo (Évora): O pico do calor em Portugal
No coração do Alentejo, a cidade de Évora e arredores enfrentam um dos dias mais quentes do ano. A temperatura mínima registada durante a madrugada foi de 18 ºC, mas o cenário previsto para o período da tarde é mais severo: valores entre os 38 ºC e os 40 ºC, sob céu limpo e sol intenso.
O IPMA emitiu um aviso laranja até às 19h, sendo este o segundo mais grave na escala de alertas meteorológicos. Após esse horário, vigorará um aviso amarelo, prolongando a necessidade de prudência até ao fim do dia.
Os serviços de saúde e proteção civil reforçam os conselhos já conhecidos, mas muitas vezes negligenciados:
- Evitar exposição solar direta, especialmente entre o meio-dia e as 18h;
- Ingerir líquidos regularmente, mesmo na ausência de sede;
- Utilizar protetor solar de elevado fator e óculos com proteção UV;
- Acompanhar idosos que vivam sozinhos ou em situações de maior vulnerabilidade.
O Alentejo, devido à sua geografia extensa e baixa densidade florestal, apresenta menor risco de incêndio em zonas urbanas, mas as autoridades alertam para o perigo elevado nas zonas de montado e estevas, sobretudo se associado a práticas negligentes, como queimadas ou uso de maquinaria ao ar livre.
A persistência de temperaturas elevadas no início de julho confirma o padrão cada vez mais recorrente de verões severos no interior de Portugal. O impacto do calor extremo vai muito além do desconforto momentâneo, afetando diretamente a saúde pública, a economia local e os ecossistemas mais vulneráveis. Face a este cenário, torna-se imperativo reforçar não só as medidas de proteção individual, mas também a preparação estrutural das comunidades para fenómenos meteorológicos extremos, que se tornam mais frequentes e intensos.
O apelo das autoridades não pode ser encarado como mera rotina: trata-se de uma chamada à responsabilidade cívica e coletiva. Cabe a cada cidadão adotar comportamentos prudentes e solidários, protegendo-se a si e aos que o rodeiam. No Alentejo e Ribatejo — regiões de grande valor humano e patrimonial — é essencial garantir que o calor não se transforme em tragédia anunciada.