Um retrato divulgado pela Pordata revela que mais de 60% dos cidadãos em Portugal tendem a não confiar na Assembleia da República, um número superior à média europeia, que se situa em 56%. Este estudo, baseado nos dados do Eurobarómetro de 2023, indica que a desconfiança estende-se também aos partidos políticos, com oito em cada dez inquiridos portugueses a manifestarem falta de confiança, alinhando-se com a tendência em grande parte dos países da União Europeia.

Além disso, Portugal figura entre os países onde os cidadãos menos confiam na sua capacidade de participação política, com 83% dos inquiridos a expressarem descrença na sua influência nas decisões políticas, segundo dados do Inquérito Social Europeu.

Quanto ao sistema político, a maioria dos portugueses (73%) considera que este não permite uma influência significativa das pessoas na política, uma percepção partilhada por mais de metade dos países analisados.

Apesar disso, 56% dos inquiridos declaram estar satisfeitos com a democracia nacional, ligeiramente acima da média europeia de 55%. No entanto, persiste uma insatisfação significativa entre 43% dos cidadãos.

Quanto ao interesse na política, Portugal destaca-se pelo tempo dedicado a acompanhar notícias sobre o tema, com quatro em cada dez pessoas a manifestarem muito ou algum interesse. No entanto, apenas 10% dos inquiridos afirmam discutir frequentemente sobre política com amigos ou familiares, contrastando com a média europeia de 25%.

No que diz respeito ao posicionamento político, 31% dos inquiridos em Portugal afirmam posicionar-se ao centro, enquanto 28% se identificam como mais à esquerda e 19% como mais à direita, valores próximos da média europeia.

Relativamente ao sistema de justiça, mais de metade dos inquiridos (53%) tendem a não confiar no sistema judicial português, um valor nove pontos percentuais acima da média europeia.

Por outro lado, 54% dos inquiridos em Portugal tendem a confiar na União Europeia, comparativamente a 47% da média europeia.

Estes dados refletem uma complexa e diversificada perceção sobre a política em Portugal, evidenciando desafios e áreas de melhoria que necessitam de ser endereçados para fortalecer a confiança e a participação cívica dos cidadãos.