
A região do Oeste e Vale do Tejo destacou-se em 2024 como uma das áreas do país com melhores condições habitacionais, tanto do ponto de vista físico como financeiro. De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), no âmbito do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento (ICOR), esta região NUTS II apresentou uma taxa de sobrelotação habitacional de apenas 6,3% e uma taxa de privação severa das condições de habitação de 2,4%, valores bastante inferiores à média nacional, respetivamente de 11,2% e 4,9%.
Estes números colocam o Oeste e Vale do Tejo entre as regiões com melhor desempenho, a par da região Centro, e em claro contraste com as Regiões Autónomas, onde a situação é mais preocupante — a Madeira e os Açores registaram taxas de privação severa de 10,3% e 9,5%, respetivamente.
A melhoria das condições físicas das habitações na região foi acompanhada por uma menor sobrecarga das despesas em habitação. A carga mediana das despesas com habitação no Oeste e Vale do Tejo fixou-se em 11,3%, abaixo da média nacional de 12,0%, enquanto a taxa de sobrecarga — isto é, a proporção de pessoas cujos encargos com a casa ultrapassam 40% do seu rendimento disponível — foi de 6,0%, também inferior aos 6,9% registados a nível nacional.
Apesar dos resultados encorajadores, os dados revelam ainda algumas fragilidades. Em 2024, 36,6% da população vivia em situação de subocupação, ou seja, em casas com mais divisões do que o necessário, uma realidade associada sobretudo a famílias sem crianças dependentes e a população idosa. Também o conforto térmico foi uma preocupação: 29,8% dos residentes no Oeste e Vale do Tejo afirmaram que a habitação não é suficientemente fresca no verão, e 31,9% referiram não conseguir manter a casa adequadamente aquecida durante o inverno, valores próximos da média nacional.
A nível nacional, o ICOR 2024 revela que as famílias com crianças continuam a ser as mais penalizadas, tanto em termos de sobrelotação (18,8%) como de privação severa das condições de habitação (8,2%). Mais de um quarto da população em risco de pobreza (25,9%) encontrava-se em sobrecarga das despesas em habitação, um sinal claro das dificuldades financeiras que persistem em muitos lares portugueses.
Apesar de todas as disparidades regionais e sociais, o inquérito do INE revela uma perceção global positiva: 94% dos inquiridos mostraram-se satisfeitos ou muito satisfeitos com a sua habitação. Esta satisfação é menor entre a população idosa, a população em risco de pobreza e os residentes em áreas urbanas densamente povoadas.
Os resultados do ICOR 2024 sublinham o papel do Oeste e Vale do Tejo como uma referência em matéria de qualidade habitacional no país, mas também evidenciam os desafios que permanecem, especialmente entre os grupos mais vulneráveis.