
O projeto-piloto FICA – Frente para a Integração das Comunidades Apoiadas, lançado pelo Centro Distrital de Santarém da Segurança Social, que arrancou já em novembro de 2024, foi apresentado na manhã de quinta-feira, 26 de junho, durante o seminário “Desafios da Intervenção Social no Acolhimento e Integração da População Migrante e de Asilo” que decorreu no auditório da Estação Zootécnica Nacional, em Santarém.
Segundo a diretora da Segurança Social, Paula Carloto, o projeto é uma resposta concreta aos desafios que a integração das comunidades apoiadas tem apresentado no distrito de Santarém e centra-se na articulação entre as entidades locais, instituições públicas, autarquias, Instituições Privadas de Segurança Social e sociedade civil e até hoje já permitiu que mais de 170 pessoas fossem integradas. O projeto nasceu para dar resposta às necessidades de pessoas que pedem asilo e são provenientes de zonas de conflito, mas também já foram incluídos alguns refugiados económicos.
As pessoas sinalizadas são apoiadas a nível de formação, habitação e procura de trabalho, sendo o objetivo final “a autonomização das pessoas que entram no projeto”, explicou Paula Carloto ao NS. Ao ajudar estas pessoas a tornarem-se autónomas a diretora da Segurança Social do distrito de Santarém explica que alivia a carga no próprio aparelho de Segurança Social.
Quando as pessoas são sinalizadas e integradas no FICA, o processo começa por fornecer formação básica como a língua portuguesa, primeiros socorros e formações específicas em várias áreas de trabalho. O Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) tem programas de apoio à contratação que estas pessoas integram e têm-se juntado a várias IPSS, que desta forma reduzem os custos na contratação.
Durante a sessão de abertura do seminário, Paula Carloto contou que o projeto nasceu de uma “inquietação no terreno”, durante uma visita ao centro de acolhimento situado em Fátima, e que foi como uma chamada à realidade e à percepção que era absolutamente necessário desenvolver esforços para uma real integração das pessoas que ali estavam.
“Estamos a falar de pessoas com vidas suspensas, trajetórias interrompidas, que procuram promessas. Este projeto é uma resposta partilhada e articulada entre todos”, afirmou Paula Carloto e vinca que o êxito do FICA “não se mede em relatórios, mas nos olhos de quem agradece por uma oportunidade”, não escondendo a emoção ao relembrar quem lhe agradeceu pessoalmente.
Na sessão de abertura do seminário participou também o vice-presidente do Instituto da Segurança Social, deixando rasgados elogios ao projeto que afirma ser “uma resposta inovadora e colaborativa aos desafios que se colocam à integração plena dos cidadãos requerentes e beneficiários de protecção internacional”.
O presidente da Câmara de Santarém, João Leite, marcou presença na sessão e reiterou o apoio da autarquia ao projeto desde a primeira hora, referindo que se trata de uma iniciativa diferenciadora e que vai de encontro ao papel que as entidades públicas devem desempenhar: o de “melhorar a vida de quem mais precisa”.
“O FICA é um exemplo que deve ser replicado por todo o país”, concluiu o autarca.