Com a iminente possibilidade da introdução do euro digital, pairam questões significativas sobre os potenciais perigos associados à substituição do dinheiro físico. Embora a transição para uma moeda digital prometa eficiência e modernização, os riscos inerentes, especialmente em relação à privacidade, merecem uma atenção cautelosa.Um dos principais perigos que emergem com a ascensão das moedas digitais é a ameaça à privacidade financeira. Transações eletrónicas, por natureza, deixam rastos digitais, levantando preocupações sobre a vigilância financeira. Num mundo onde a privacidade individual é cada vez mais valorizada, a ideia de transações digitalmente rastreáveis é motivo para reflexão. A implementação do euro digital poderia resultar em um panorama em que as autoridades financeiras têm uma visão abrangente das atividades financeiras dos cidadãos. Embora isso possa ser justificado como uma medida para combater a evasão fiscal e atividades ilícitas, o equilíbrio entre a proteção da privacidade e a necessidade de supervisão deve ser cuidadosamente ponderado. A dependência crescente da tecnologia digital também levanta preocupações sobre a inclusão financeira. Aqueles que não têm acesso fácil a dispositivos eletrónicos ou que não estão familiarizados com transações digitais podem ser excluídos do sistema financeiro. Em uma sociedade onde a igualdade é um objetivo fundamental, a transição para o euro digital exige estratégias inclusivas para garantir que todos tenham acesso e compreensão adequados. Adicionalmente, a introdução do euro digital não está isenta de desafios relacionados à segurança cibernética. O aumento da digitalização das transações financeiras traz consigo o risco de ataques cibernéticos, que podem comprometer a segurança dos dados e resultar em perdas significativas para os utilizadores. É crucial que, ao considerar a adoção do euro digital, as autoridades financeiras portuguesas implementem salvaguardas robustas para proteger a privacidade dos cidadãos. Políticas claras e transparentes devem ser estabelecidas para equilibrar os benefícios da eficiência financeira com a proteção dos direitos individuais.Em conclusão, enquanto o euro digital promete uma revolução no sistema financeiro, não podemos ignorar os perigos potenciais que traz consigo. A proteção da privacidade financeira e a inclusão de todos os cidadãos devem permanecer no centro das discussões e decisões relacionadas à transição para uma era digital.