
Um estudo publicado na revista Science, com a participação da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), soa o alarme para a necessidade urgente de reduzir o impacto humano nos ecossistemas aquáticos.
A investigação, que reuniu mais de 150 cientistas de 40 países, incluindo Portugal, revela que as atividades humanas estão a acelerar a decomposição da matéria orgânica em rios de todo o mundo, liberando quantidades alarmantes de dióxido de carbono (CO2) para a atmosfera.
A FCTUC esteve representada por Cristina Canhoto, professora do Departamento de Ciências da Vida (DCV) e investigadora no Centro de Ecologia Funcional (CFE), Manuel Graça, professor do DCV e investigador do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE), e Verónica Ferreira, investigadora do DCV/MARE.
A decomposição da matéria orgânica, processo natural fundamental nos rios, é essencial para o equilíbrio dos ecossistemas aquáticos e para a cadeia alimentar. No entanto, o estudo demonstra que as atividades humanas, como a agricultura e a urbanização, estão a intensificar este processo, liberando mais CO2 do que o normal.
As taxas mais elevadas de decomposição foram registadas em áreas agrícolas densamente povoadas, como Estados Unidos, Europa e Sudeste Asiático. O escoamento agrícola e urbano, rico em nutrientes, acelera a decomposição da matéria orgânica, intensificando as emissões de CO2 e contribuindo para as alterações climáticas.
Os investigadores da FCTUC alertam para a necessidade urgente de reduzir o impacto humano nos rios. “Precisamos de minimizar os impactos humanos nas águas doces para gerir de forma mais eficaz o ciclo global de carbono”, afirma Cristina Canhoto.
O estudo oferece ferramentas valiosas para combater este problema. Mapas online de acesso gratuito, criados pelos autores, permitem que qualquer pessoa visualize as taxas de decomposição em diferentes rios do mundo. “Esta ferramenta permite compreender a rapidez com que os diversos tipos de folhas se decompõem nos rios”, explica Manuel Graça. “A sua utilização facilita a estimativa das taxas de decomposição, mesmo em rios não estudados previamente.”
Este estudo global, com a importante participação portuguesa, lança um alerta claro: a ação humana está a desequilibrar os rios e a acelerar as alterações climáticas. É urgente reduzir o nosso impacto nestes ecossistemas vitais, e as ferramentas disponibilizadas pelos investigadores são um passo crucial para essa mudança.