O Governo dos Açores expressou a sua forte oposição à proposta apresentada pelo PAN (Pessoas-Animais-Natureza) para a proibição de touradas na região. O PAN defende que as touradas, touradas à corda, espetáculos tauromáquicos e variedades taurinas sejam proibidas em toda a região, e que as praças de touros existentes sejam convertidas em espaços multiusos, culturais ou desportivos.

O governo regional argumentou que as touradas são consideradas “espetáculos culturais” protegidos constitucionalmente, e que a cultura não pode ser definida por decreto. Sofia Ribeiro, secretária regional da Educação e Assuntos Culturais, explicou que a Constituição Portuguesa garante a liberdade de acesso à cultura, e, portanto, eles são contrários ao projeto apresentado pelo PAN.

Além disso, António Ventura, secretário regional da Agricultura e Desenvolvimento Sustentável, também defendeu a importância das touradas na região, principalmente na ilha Terceira, onde a tradição está profundamente enraizada e possui um grande impacto na economia local. Segundo Ventura, as touradas têm conquistado cada vez mais adeptos, especialmente na tauromaquia de rua, conhecida como “tourada de corda”, com cerca de 300 eventos por época somente na ilha Terceira.

Contudo, o PAN reforça que as touradas causam elevados níveis de estresse e sofrimento nos animais envolvidos, e defende que esses espetáculos não são adequados para crianças e jovens, podendo ser geradores de violência. Pedro Neves, deputado único do PAN nos Açores, reforça que os animais mamíferos dotados de sistema nervoso central são sencientes e conscientes, e não há razão ética para continuar permitindo espetáculos que infringem dor nos animais.

A proposta do PAN para proibir as touradas nos Açores deverá ser discutida e votada no plenário de setembro da Assembleia Legislativa dos Açores. Durante as audiências na Comissão de Assuntos Sociais do parlamento açoriano, representantes de associações também manifestaram opiniões opostas sobre a proposta, destacando a importância cultural das touradas, enquanto outros apontaram o sofrimento animal como razão para o seu fim.

O debate sobre as touradas continua a ser um tema relevante e controverso nos Açores, e a decisão sobre a proibição ou manutenção desses eventos terá implicações significativas para a região, tanto do ponto de vista cultural quanto dos direitos dos animais. A população aguarda com expectativa o resultado das deliberações em setembro.