
Embora o estado clínico de Fernando Clemente se mantenha estável, a sua recuperação ainda depende da absorção de um grande coágulo sanguíneo no cérebro. Caso o organismo não consiga absorver o coágulo nas próximas 24 horas, poderá ser necessária uma intervenção cirúrgica, informaram fontes médicas.

Foto: Jornal Farpas
O repórter fotográfico de 78 anos sofreu um grave traumatismo crânioencefálico com perda de consciência na Monumental do Montijo, após ser atingido por um porta dos curros, investido por um toiro durante o espectáculo da Capeia Arraiana. Clemente encontrava-se na trincheira, mas fora das protecções do burladero, essencial para a segurança de todos os presentes nas praças de toiros.

Foto: Jornal Farpas
Internado no Serviço de Neurocirurgia do Hospital Garcia de Orta, em Almada, Clemente está sob observação rigorosa e sujeito a novos exames durante pelo menos mais 24 horas. A evolução do seu estado de saúde será determinante para decidir a necessidade de cirurgia.
Clemente Fernando dos Santos Guerreiro, viúvo e sem filhos, já tinha sofrido um grave acidente em setembro de 2019, na praça de toiros da Moita, quando um toiro de mais de 500 quilos saltou a trincheira e o feriu gravemente, também fora de um burladero.
Recentemente, Clemente anunciou ao jornal “Farpas” a sua intenção de se retirar da actividade de fotógrafo taurino no próximo ano, quase a completar 80 anos de idade.
Este incidente levanta questões sobre o cumprimento do regulamento taurino, nomeadamente sobre a segurança dos profissionais que trabalham nas trincheiras. Segundo o regulamento, é imperativo que todas as pessoas na trincheira estejam devidamente protegidas dentro dos burladeros. A falha em cumprir esta norma coloca em risco a vida dos profissionais e expõe as empresas organizadoras a sérias responsabilidades legais.
Além disso, este acidente sublinha a necessidade de um seguro profissional adequado para os fotógrafos taurinos e outros trabalhadores das praças de toiros. A definição clara das condições de acesso às trincheiras e a responsabilidade das direcções das corridas em assegurar o cumprimento das normas de segurança são essenciais para prevenir futuros incidentes.
A empresa organizadora da corrida na Monumental do Montijo e a direcção do evento devem ser responsabilizadas por qualquer falha no cumprimento das regras de segurança. É crucial que as entidades reguladoras intervenham para garantir a protecção de todos os profissionais envolvidos no espectáculo taurino.
O estado de saúde de Fernando Clemente continuará a ser monitorizado de perto, e a sua recuperação dependerá das próximas horas críticas. Todos esperam que o organismo consiga absorver o coágulo, evitando assim uma cirurgia que, devido à idade avançada do paciente, representa um risco significativo.