
O autor Augusto Canetas tem um novo livro, desta vez um romance com o título “A Recusa”. A apresentação é este sábado, dia 19 de julho, pelas 16 horas, na Fundação Cupertino de Miranda. Além da animação por Maria Clara Martins, com flauta transversal, haverá convidados para falar do livro, do autor e da literatura, entre eles o presidente da Câmara, Mário Passos, o magistrado António de Soisa, as professoras Maria do Carmo Reuter e Alzira Serra e também Alzira Quintanilha.
D´ “A Recusa”, editado pelo Grupo Criador Editora, diz Luís MM Duarte que «é o romance que acompanha Ulrich Turguêniev, um engenheiro civil reformado, pacato e amante da literatura, que vê a sua vida virar de cabeça para baixo, ao receber uma convocatória inesperada para integrar as forças armadas da “Federação das Montanhas Perdidas” (Rússia). Contra a sua vontade e sem experiência militar, Ulrich é forçado a assumir o cargo de comandante de um grupo de recrutas, composto por homens de todas as idades e até prisioneiros, no meio da operação de invasão do “Celeiro” (Ucrânia)».
Este é um resumo do livro, com um tema tão atual, mas como diz Luís MM Duarte, professor de Filosofia/Psicologia, no Preâmbulo, as histórias surgem da «observação, da inquietação, do desejo de compreender o mundo e as suas contradições». Luís Duarte acrescenta que «é mais do que uma história de guerra ou de um chamamento às armas; é uma viagem interior, um mergulho profundo no coração de um homem que ousa dizer “não” quando o mundo ao seu redor grita “sim”».
Numa referência a outros autores, que também abordaram esta temática, Luís Duarte defende que «Turguêniev poderia ter sido um personagem de Dostoiévski, um homem dilacerado entre o dever imposto e a consciência revoltada ou de Camus, um absurdo existencialista que encontra na sua recusa um eco de Sísifo, ao empurrar a pedra pela montanha acima. O seu dilema ressoa também nas reflexões de Tolstói, que na maturidade renegou as violências dos grandes impérios e buscou uma paz espiritual, alheia às estruturas do poder».
Sobre o autor de “A Recusa”, Luís Duarte escreve que Augusto Canetas, «com a sua prosa vibrante e uma sensibilidade aguda», «não nos oferece respostas fáceis, mas convida-nos a refletir sobre o peso das escolhas e a natureza da verdadeira coragem e que, como Ulrich, possamos também perguntar-nos: até onde estamos dispostos a ir pela nossa verdade? O estilo oscila entre o romance e o manifesto, entre o realismo e a poesia, mas, no fundo, é um tributo à dignidade de quem se atreve a pensar por si mesmo», anota.
Rui Brites, sociólogo e professor universitário (aposentado) menciona que leu o livro «de um fôlego, pois não consegui parar. Estava intrigado com o título e demorei a perceber a sua razão de ser. (…) Assim, paralelamente à crítica à guerra, questiona a moralidade das ações militares. A guerra é apresentada como um evento sem sentido, cujas consequências são devastadoras para os indivíduos e a sociedade».
Augusto Canetas é o pseudónimo de José Augusto Faria da Costa que, desde 2001, após o seu primeiro livro – Flashes – tem-se dedicado plenamente à literatura e à música. É autor de vários livros (contos, poesia e romance).