
No dia 20 de setembro, o país parou para assinalar o Luto Nacional decretado pelo Governo em memória das vítimas dos trágicos incêndios que assolaram o Centro e o Norte de Portugal. Enquanto autarquias e populações por todo o país aderiram a este gesto de pesar e respeito, a Câmara Municipal de Elvas optou por manter a realização das Festas em Honra do Senhor Jesus da Piedade e a Expo São Mateus, provocando uma onda de indignação nas redes sociais.
Os elvenses, assim como muitos cidadãos de outras localidades, manifestaram publicamente o seu descontentamento com a decisão de não adiar ou cancelar os eventos festivos. As críticas, sobretudo nas redes sociais, centraram-se na falta de sensibilidade do executivo municipal para com o momento de luto que o país vivia. Muitos acusaram a autarquia de desrespeitar as vítimas e os bombeiros que perderam a vida no combate às chamas.
Face à crescente pressão e ao mal-estar provocado por esta decisão, a Câmara Municipal de Elvas emitiu, no dia 19 de setembro, um comunicado para justificar a sua posição. Segundo a nota divulgada, a não suspensão dos espetáculos deveu-se ao facto de que “os concertos e atividades já se encontravam contratualizados há meses”, sendo “inexequível” o seu cancelamento, tanto por razões financeiras como de logística, nomeadamente devido à agenda dos artistas envolvidos.
Apesar de manter a programação, o município afirmou que se solidarizou com o Luto Nacional através de medidas simbólicas, como o hasteamento da bandeira nacional a meia haste em todos os edifícios públicos e a realização de um minuto de silêncio antes dos concertos. A Câmara também expressou “solidariedade com as populações afetadas pelos incêndios, bem como pesar às famílias e amigos das vítimas mortais.”
Ainda assim, a justificação apresentada não apaziguou completamente a indignação de muitos residentes, que consideram que o respeito pelo Luto Nacional deveria ter prevalecido sobre os compromissos festivos. A onda de críticas nas redes sociais continuou, com muitos a defenderem que, perante a tragédia vivida pelo país, a decisão de manter os eventos foi um desrespeito à memória das vítimas e aos sacrifícios dos bombeiros.
O Ministro da Presidência, António Leitão Amaro, ao anunciar o Luto Nacional no dia 20 de setembro, sublinhou que o gesto era uma expressão de “profundo pesar e solidariedade” para com as vítimas e suas famílias, e um tributo aos bombeiros que “deram a vida pelas nossas vidas”. O contraste entre este momento de recolhimento nacional e a manutenção de eventos festivos em Elvas acabou por acentuar a divisão entre o executivo municipal e os cidadãos que clamavam por uma postura de maior respeito neste período sensível.
A decisão da Câmara de Elvas permanece controversa, gerando um debate sobre as responsabilidades das autarquias em momentos de crise nacional e sobre a necessidade de, em certas ocasiões, subordinar os interesses locais ao espírito de união e solidariedade nacional.