
A Direção de Informação da RTP, liderada por António José Teixeira, foi demitida no início desta semana, avança a revista Sábado. A decisão, já comunicada ao Conselho Geral Independente (CGI) da estação pública, surge na sequência de uma crescente tensão interna, motivada pela exclusão do jornalista José Rodrigues dos Santos da cobertura da última noite eleitoral, facto inédito em 30 anos de emissões.
A RTP ainda não confirmou oficialmente a saída, mas fontes internas garantem que o ambiente se deteriorou significativamente após a polémica decisão. Em causa está a opção editorial tomada para as legislativas de março, que deixou de fora o histórico pivô da estação, José Rodrigues dos Santos, o que foi interpretado por vários sectores da RTP como uma retaliação indireta pela sua recente e controversa entrevista ao secretário-geral do PCP.
Na altura, António José Teixeira justificou a ausência de Rodrigues dos Santos com uma “opção editorial”, negando qualquer intenção de castigo. “Foi decidido que nestas legislativas o pivô central das emissões era o João Adelino Faria, presença habitual nas noites eleitorais e apresentador do Telejornal há muitos anos. Não se tratou do afastamento de ninguém”, afirmou numa reunião com o Conselho de Redação, realizada a 28 de maio.
A resposta, no entanto, não convenceu muitos jornalistas da casa, que consideraram a exclusão do rosto mais reconhecido da informação da RTP como um sinal claro de mal-estar e quebra da tradição editorial da estação pública. A situação levou a uma rutura entre a equipa de informação e a liderança, culminando agora no afastamento de Teixeira e da sua direção.
António José Teixeira, de 64 anos, ocupava o cargo desde janeiro de 2020 e tem um percurso sólido no jornalismo português. Passou por órgãos como a rádio Altitude, Rádio Comercial, TSF, Diário de Lisboa, Jornal de Notícias, Diário de Notícias e ainda pela SIC, antes de chegar à RTP, onde acumulou funções de direção e comentário político.
Esta demissão acontece num momento em que o serviço público enfrenta enormes desafios de credibilidade e audiência, com sucessivas polémicas internas e pressão externa sobre a sua linha editorial. A ausência de resposta da RTP à confirmação oficial do afastamento apenas adensa o clima de incerteza que paira sobre o futuro da informação da estação pública.