A surpresa de uma criança perante os primeiros contactos com a Natureza demonstra um deslumbramento que alguns de nós fomos perdendo ao longo do caminho.

Mas estamos sempre a tempo de recuperar esse fascínio.

E se o leitor tiver curiosidade o livro “Do Plants Know Math?” (ainda sem edição portuguesa) contribuirá para esse regresso.

A pergunta do título liga duas aparentes realidades distintas.

Mas célebres mentes criativas, desde Charles Darwin a Alan Turing, passando por Leonardo da Vinci, foram atraídas pelos belos e sedutores padrões que ocorrem em formas botânicas tão diversas como pinhas, flores e girassóis.

A obra escrita por Stéphane Douady, Jacques Dumais e Christophe Golé está profusamente ilustrada e ainda promove exercícios práticos para o leitor observar por exemplo os famosos padrões de Fibonacci aplicados às plantas.

Leonardo Fibonacci (1170-1250)

foi um intelectual italiano reconhecido como um dos principais matemáticos europeus da Idade Média. A sequência com o seu nome (sequência Fibonacci) consiste numa sucessão infinita de números, em que os números seguintes são obtidos por meio da soma dos seus dois antecessores.

Portanto, a sequência começa da seguinte forma: 1,1,2,3,5,8,13, 21 e assim sucessivamente.

Muitas plantas apresentam dois conjuntos de espirais no sentido dos ponteiros do relógio e no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio e, quando contamos os seus números, é um número de Fibonacci que vai para um lado e o seguinte para o outro: 8 e 13 na pinha ou 13 e 21 na margarida africana, por exemplo.

Esta sucessão de números é uma constante, na Natureza e o livro, galardoado com um dos Prémios deste ano da Associação Americana de Editores (Prémio PROSE), promove um olhar atento a este e outros pormenores sempre guiados pela ciência.

Assim, e em resposta à pergunta original, as plantas, obviamente, não “sabem” matemática, mas ela está presente nas flores de nossa casa, no jardim da nossa cidade e no campo das nossas aldeias.

Só precisamos de observar com atenção e estarmos despertos para o que nos rodeia.
Citando Saramago “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.”

TEXTO:

Luís Monteiro