Nem a chuva, o nevoeiro persistente ou o frio desmotivaram os participantes da etapa inaugural do Portugal Lés-a-Lés Classic, que se iniciou com 199 quilómetros desde Bragança até Chaves. A paisagem agreste, envolta em nuvens cinzentas e com raros raios de sol, serviu de palco a uma autêntica homenagem ao mototurismo, com as motos clássicas e antigas a destacarem-se contra o pano de fundo histórico da torre de menagem de Bragança.

Esta edição Classic assinala o regresso às origens do Lés-a-Lés, recordando a primeira edição realizada em 1999. Com partida no coração de Bragança e um tempo verdadeiramente invernoso, os participantes mostraram determinação e paixão pelas suas máquinas de outros tempos, mesmo quando algumas exigiram atenção redobrada logo pela manhã, como aconteceu com a Indian Scout de 1928, teimosa após uma noite à chuva, ou a XT600, afetada pela humidade.

O percurso atravessou algumas das aldeias mais remotas do Parque Natural de Montesinho, com passagens por locais como Guadramil, Rio de Onor e Gimonde. A ausência de ajudas eletrónicas nas motos mais antigas exigiu prudência nas estradas sinuosas e empedradas, mas conferiu um charme especial a cada quilómetro percorrido. Em Moimenta, o almoço inicialmente previsto ao ar livre foi transferido para a sede da associação local, graças ao apoio da junta de freguesia, proporcionando um momento de convívio acolhedor.

A chegada a Chaves foi triunfal, com receção calorosa do grupo motard local e merecidos Pastéis de Chaves acompanhados por cervejas e conversas animadas. O sol brindou os participantes ao final do dia, iluminando o Jardim das Termas, ponto de encontro de histórias, máquinas e amizades que perduram. A segunda etapa promete continuar a celebrar o prazer da condução clássica, entre as paisagens do Barroso e o Vale do Ave, com paragens memoráveis em coleções privadas de motos que prometem surpreender até os mais exigentes entusiastas.